Eu queria faze-lo feliz, num momento que ele tinha perdido a mãe e se encontrava enlutado.
Só falava na mãe o tempo todo.
Era um homem de 40 anos e solteiro.
Aquilo chegou a um ponto insustentável.
Tudo era a mãe na frente.
A comida da mãe era melhor, a roupa da mãe era mais bonita, o que a mãe dizia era melhor.
Saia com ele pelas ruas e ele imediatamente encontrava algum incauto para despejar a história da santa mãe.
Eu nunca tinha me deparado com tanta história de mãe em minha vida.
Vivia as 24 horas do dia em função dessa mãe falecida a pouco tempo, eu nem a conheci.
Ele chegava ao cumulo de dizer que se a mãe não tivesse falecido jamais ele iria querer mulher na vida dele, mulher era a mãe...
Demorei a entender tanto fanatismo por mãe.
Um dia indo até a Policlínica pegar um medicamento que ele usava, tive que solicitar a ficha dele para anotar o remédio.Isso em 2002.
Estava sentada na sala aguardando e resolvi dar uma olhada no prontuario.
Quem tratava dele anotou: COMPLEXO DE ÉDIPO.
Então cheguei a conclusão que o problema não era com nosso relacionamento.
Era uma fixação antiga pela mãe que já tinha sido levada ao conhecimento médico.
Desisti de tanta paranoia e alguns anos depois quando o encontrei ele estava bem menos obcecado pela mãe...
Curiosamente era uma mãe adotiva que nunca pode engravidar.
Havia passado a ter obsessão por adolescentes!!!
Mudou a loucura de lugar...
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