terça-feira, 30 de junho de 2020

Eu estava morando com o cego louco e ele resolveu que eu deveria conhecer os pais dele que residiam em Mombuca.
Fomos!
Seguindo orientaçoes dele desci do ônibus num canavial e logo abaixo encontrei o bairro.
Bati palmas na casa indicada por ele.
Era um terreno em declive com a casa la embaixo.
Insisto nas palmas,a casa aberta e ninguém atendia.
Demorou e apareceu um homem na porta,olhou e sumiu.
Bati de novo!
Apareceu uma mulher e sumiu!
Esperei um pouco e apareceu um senhor bem idoso...e sumiu!
Eu sem saber o que fazer.
Muito tempo depois a mulher que eu tinha visto vem no portão com cara de poucos amigos.
Era a mãe dele!
Ajudo-o a descer até a casa e aparece os dois homens que eu tinha visto.
O cego já dá um dinheiro para o homem mais novo,irmão dele ,e manda comprar pinga.
Acabou o dia!
Os dois beberam o tempo todo e ele se recusou a ir embora.
Ficamos para "dormir"
Eles nao deixaram ninguém dormir bebendo e cantando a noite inteira sem respeitar o casal de velhos com mais de 80 anos.
Levantei cedinho e perguntei horário do único ônibus.
A senhora me informou que passaria 6 horas.
Sai correndo pelo canavial para conseguir alcançar.
Larguei o cego lá!
Quando estou na pista vejo a mulher arrastando ele o mais rápido possível para "empurrar" para mim.
Infelizmente tive que levar aquele criatura alcoolizada comigo!!!

  1. Nem é preciso dizer que nunca mais voltei lá nos 3 anos que moramos juntos!
Minha terceira filha recebeu o nome meio por acaso.
Eu escolhi vários nomes.
Meu marido não concordava com nenhum.
Roberta,Carla,Gislaine,Gislene e muitos outros que nem lembro mais.
De meninos eu nem tinha ideia.
Havia acabado de perder um menino e estava traumatizada.
Havia até pensado em Amaury.
No dia que nasceu a bebê meu marido entra no quarto e diz: Eu vi a Silmara!!!
Eu ignorava quem era Silmara!
Era nossa bebê.
E por Silmara ficou!!!
Em 1973 eu esperava meu primeiro bebê.
Naquele tempo não havia ultrassom.
Escolher o nome estava dificil!.
Eu acabei optando meu nome da Miss Sorocaba,Sp e Brasil ,Sandra Mara.
Meu marido optou pelo jogador de futebol Marco Antonio.
Maior briga porque eu queria Marcos com S
Por fim nasceu uma menina e nossa Miss ganhou mais uma vez...

domingo, 28 de junho de 2020

Uma vez morando no Acampamento meu companheiro me levou visitar um casal amigo ali próximo.
Me trataram muito bem e a mulher me levou conhecer a casa.
Casa boa.
Num dos quartos estava ligeiramente bagunçado com muitas roupas em cima da cama.
Ela mostrou as roupas e disse que era da filha dela.
Me mostrou algumas consturas sem terminar.
Me mostrou um crochê inacabado.
Disse que era da filha dela.
Eu achei a filha dela muito prendada costurando e fazendo crochê.
Perguntei se ela morava ali.
Ela me disse:
Sim,mas ela morreu faz 9 anos!!!
Dificil imaginar a situaçao.
Eu fiquei sem chão.
Achava que a moça ia chegar a qualquer momento para terminar aqueles trabalhos começados.
O que leva uma mãe a manter uma filha presente por tanto tempo estando morta?
Raro eu ficar sem palavras mas aquele dia fiquei meio em choque!!!

Aquele dia eu tinha ido ao Banco na Avenida Itavuvu com meu companheiro.
Deixei o carro estacionado na ruazinha atrás do Banco.
Caso resolvido volto ao carro.
Ja de cara vi uma ferrugem que nao tinha antes.
Abri o carro e entrei.
Estranhei o carro...levei um susto!
Nao era meu carro.
Vi um homem na calçada olhando,desci e perguntei se o carro era dele.
Era...pedi mil desculpas!
Ele mandou eu ligar o carro,nao ligou,a chave nao funcionou na partida.
Ai uma dúvida...
Cadê o meu carro que estava ali?
Meu companheiro me fala:
Roubaram nosso carro?
Saiu esbaforido procurando e eu também.
Ai notamos que ali existem duas ruazinhas iguais.
Meu carro estava na outra rua.
Quando cheguei na esquina dirigindo vi o dono do outro carro olhando curioso!!!
Deve ter nos achado dois lunáticos!!!

quinta-feira, 25 de junho de 2020

Eu era casada com ele a mais de 20 anos.
Ai ele coneçou a frequentar uma igreja evangélica.
Uma noite chegou as 22 horas,me chamou na sala e falou que tinha se batizado.
Que a partir daquele dia era um servo de Deus e nao me queria mais.
Que o relacionamento de um casal era obra da carne e ele era um santo.
Mandei se foder!
Passado uns dias ele chega da malfadada igreja e me chama na sala dizendo que tinha um irmão ali que queria conversar comigo.
Me levantei e fui atender o infeliz.
Eles juntos queriam reforçar a ideia de que ele nao podia ser esposo porque era obra da carne.
Fiz ver que éramos casados no civil e religioso a mais de 20 anos .
Continuaram firmes no propósito que eu tinha que ser viúva de marido vivo por causa da igreja.
Fui clara,não quer tudo bem.
Vou arrumar quem queira!!!
Eles ficaram chocados com a minha falta de compreensão.
Casamento acabou!!!
Ele nunca mais foi naquela igreja!
Abandonou.
Queria era um motivo para me largar!!!
Aquele domingo eu fui trabalhar na Feira de Animais que funcionava na Feira da Barganha.
As 11 horas eu sairia para ir almoçar com minha filha.
Ele foi junto e se enfiou no bar.
As 11 horas mandei minha neta chamar ele que eu estava indo.
Ele veio correndo e me disse que fosse indo que ele ja me alcançava.
Fui para casa,ele apareceu às 16 horas esbaforido para ir almoçar como combinamos.
Mandei ele se lascar.
Quem vai almoçar 16 horas na casa dos outros?
Saiu bravo.
Voltou na segunda-feira à tarde.
Chegou esbaforido arrumou uma mala e disse que estava indo para Santa Catarina.
Eu nem falei nada,ignorei.
Ele saiu com a mala e voltou terça-feira de manhã sem a mala.
Chegou brigando e querendo saber onde EU coloquei a mala.
Ai me lembrei que havia um dinheirinho no Banco.
Tomei o cartão dele e fui correndo tirar um extrato.
Tinha 14 centavos no Banco e um empréstimo de 3 mil reais do dia anterior.
Enlouqueci!!!
Cheguei em casa ele nao tinha um real sequer.
Gastou tudo em 02 dias e até hoje nao sei onde.
Nosso casamento acabou ali.
Ainda ficamos uns meses arrastando mas nao deu mais.
Até hoje carrego essa mágoa.
Isso aconteceu em 2014...
Eu tinha levado os netos no Sesi numa Festa da Criança.
Naquela confusão perdi um.
Procurando um perdi mais um.
E na sequência perdi o terceiro.
Maior desespero,nao achava nenhum.
Pedi que chamassem pelo microfone.
A Gm disse que tinham encontrado um.
Fui correndo pegar nao era meus netos.
Maior desespero!
Quando consegui encontrar os 3 coloquei em meu fusquinha e vim embora!
Ufa!!!
Quando lançaram o filme:Querida encolhi as crianças, eu levei minhas crianças ao Cine Pedutti.
So não contava com o preço dos ingressos que era altissimo para meu bolso.
Acabei desistindo do filme na porta do cinema.
Me deu uma tristeza imensa nao ter condições de pagar 03 ingressos naquele preço.

O tempo passou e ano passado 2019, eu estive no  Barueri Shopping e novamente me assustei com o valor dos cinemas.
33 reais cada ingresso.


Dessa vez pude entrar mas achei um valor absurdo.
Numa época que poucas pessoas vao ao cinema era um preço altissimo para levar toda a família.
Em 1991 tinhamos uma perua velhissima que minha filha morria de vergonha.
Se escondia ao passar na porta da escola com aquele cacareco caindo ao pedaços.
Engraçado que meu marido trocou aquela sucata com um corcel ótimo.
Dizia que a perua traria lucro com carretos.
Por fim foi vendida para sucata e ficamos a pé.
La se foi nosso corcel que na época era um carro bom e semi novo!!!
A gente ia descendo com nossa velha perua pela Vila Carvalho.
Em 1991
De repente começa a encher de fumaça.
Eu e minha filha na frente com 2 bebês e meu genro preso atrás que a perua nem abria a porta direito.
Saimos correndo com os bebês e meu genro na parte de trás aflito com medo de morrer queimado sem conseguir abrir a porta.
Foi a ultima vez que andamos naquela perua velha.
Foi vendida para sucata!!!
Nós voltamos para casa de onibus...
Nos anos 90 a gente tinha uma kombi velhissima.
Uma noite passamos na Avenida Ipanema colocar gasolina ja bem tarde.
Posto vazio e os frentistas jogando baralho.
Em vez de atender a gente continuaram o jogo.
Meu marido desceu e foi la e ficou olhando o jogo tb.
Eu no escuro dentro da perua fuçando a toa achei um fio solto.
Depois outro.
Liguei os 2 para ver.
Ficaram rosa!
Eu achei bonito aqueles fios rosa no escuro.
Até me dar conta que estava aquecido.
Puxei o fio e sai gritando fogo...fogo...pelo posto.
Acabei com o jogo de baralho na hora.
Os moços vieram correndo com extintor mas nem foi preciso usar.

  • Eu tinha resolvido sem entender nada!!!
Eu havia feito negócio com um trailler.
Dei um fusquinha no negócio.
A amiga que negociou comigo ficou devendo "uma volta" em dinheiro.
Estava eufórica com aquele fusca.
Disse que eu a conhecia e sabia que ela pagaria sem falta.
Nunca mais veio pagar.
Isso foi em 2009
A pouco tempo estive na casa dela em Boituva.
Nem se falou no assunto divida de fusca.
Eu troquei o pneu do carro na chácara onde morava.
Sai na rua e o carro trepidava.
Passei num "mecânico de merda e expliquei que o carro trepidava e eu achava que era o pneu estragado.
Ele deu uma volta com o carro.
Voltou e me explicou que havia uma rachadura sei la onde que ele precisaria arrancar o motor para soldar.
Serviço grande!
Eu agradeci e fui embora.
Prometi trazer o carro no dia seguinte.
Cheguei em casa e coloquei outro pneu e sai dar uma volta.
O carro estava consertado!
Conclusão: nunca mais passei naquele mecânico.
Perdeu uma boa cliente!!!
Eu estava chegando no Esplanada Shopping.
Olhei e vi fumaça saindo do painel do carro.
Gritei e meu companheiro quase cego sai correndo.😄😄
Eu pedi desesperadamente que alguém me arrumasse extintor.
O meu nao funcionou!
Ninguém ajudou.
Eu sai correndo e entrei no Esplanada aos gritos de fogo...fogo.
E sai correndo de novo!!!
Voltei ao carro e tinha umas pessoas olhando imóveis sem ajudar.
Alguns minutos após aparece um bombeiro correndo.
No meu desespero eu corri e ele nao viu para onde.
Demorou me localizar.
Rapidinho ele me ajudou.
A fumaça já estava no carro todo.
Eu nao via fogo!
Bem depois na oficina eu descobri que a fiaçao elétrica tinha torrado.
No dia anterior eu tinha levado o carro para um pseudo mecânico olhar o farol para mim.
Ele deve ter deixado fio em curto.

  • Nunca mais levei o carro lá!!!
Todos os dias tinha reunião de grupos no acampamento.
Nosso hino de abertura era uma música de Geraldo Vandré.
"Pra nao dizer que nao falei das flores"
Era um momento de animar os grupos e passar informações.
Fazer chamada também para conferir se estavam realmente acampados.
Engraçado era ver algumas pessoas que não gostavam do nome responder a chamada.
Maioria tinha apelidos.
Alguns mais endinheirados pagavam pessoas para acampar.
Ou resgatavam pessoas em situação de rua para tentar garantir a terra sem esforço.
Tudo pela posse da terra que nunca vinha!
Aquele dia eu estava chegando de Sorocaba depois de 02 dias ausente do Acampamento.
Na entrada me deparei com uma velhinha assustada.
Disse que estava com muito medo porque havia morrido um homem ali.
Ela nao queria conversar,so falava que estava com medo.
Fiquei preocupada.
Fui falar com uma vizinha para saber o que tinha acontecido.
Ela me disse:Foi o Valdir que morreu afogado!
Vc conhece ele?
Ela ignorava meu caso com ele!
Foi um choque terrivel para mim...
Ela morava no acampamento a muito tempo.
Chegou antes de mim ali.
Uma loirinha linda,caprichosa,muito limpa.
Cheia de filhos e sempre grávida.
Depois que sai dali soube que ela morreu atropelada na pista.
Numa briga com o marido ela saiu correndo e foi morta por um caminhão ao atravessar a pista desesperada.
Me deu uma tristeza enorme saber disso.
Aquela noite a gente estava no Acampamento brincando de jogo da verdade.
Gordinho rodava uma caneta e onde parasse apontando ele fazia perguntas à vitima.
Ai sobrou para mim.
Eu disse que procurava um parceiro mas tinha que ser negro.
Na próxima rodada sobrou para um companheiro.
Ele pegando carona na minha fala disse que procurava uma companheira mas tinha que ser loira.
Conclusão: Nós,dois morenos viemos a ficar juntos por 37 meses.
A vida nos aproximou e trouxe muito sofrimento porque ele bebia muito!!!
Ele era um negro muito alto.
Devia ter mais de 2 metros de altura.
Estava acampado com a gente.
Era muito esforçado cuidando de tudo ali.
Vivia andando por ali com uma pasta.
Curioso é que usava um enorme curativo branco no pescoço realçando sua pele negra.
Muito amigo de todos.
Me ajudou quando fui injustiçada ali tomando a dianteira e me colocando no grupo dele.
Nunca descobri de onde veio e a origem daquele curativo horroroso no pescoço chamando a atenção de todos!

Cadê o Pí?

Eu criava galinhas no quintal.
Aquele dia o cachorro atacou uma galinha e matou.
Ela tinha um pintinho que ficou piando desesperado.
Socorri ele,coloquei embrulhado num pano e coloquei na cama comigo porque estava frio.
Ele amou a ideia e me adotou como mãe.
Quando perdia o bicho podia procurar que tinha entrado em casa e estava na cama.
Virou uma criança.
Eu costurava o dia todo.
Ele vinha e pulava no colo e ficava ali dormindo enquanto eu trabalhava.
Eu o chamava de Pí.
Onde estivesse era so chamar Pí e ele aparecia correndo.
Virou bicho de estimação.
Quando já estava mocinho desapareceu.
Acredito que alguém o roubou para alimento porque era muito mansinho. 
Senti muito a falta dele!!!

terça-feira, 23 de junho de 2020

Eu o via ali no Acampamento em ocasiões especiais.
Nao pertencia ao Acampamento.
Era da militância.
Vinha ali resolver as coisas e como tinha amigos ficava por ali.
Minha lembrança mais engraçada dele é ve-lo andando por ali com os pés descalços e a calça social arregaçada.
Era a imagem viva de um homem sensual.
Será que era só em mim que causava esse efeito??????
Como uma coisa tão banal podia me chamar tanto a atenção?
Ele nunca ficou sabendo dessa bobagem de minha parte!😄😄
Eu o conheci no Acampamento.
Respeitador,trabalhador.
Nunca me incomodou.
Na segunda vez que eu acampei eu estava em meu barraco ja noite e ele bateu palmas.
Sai atender e ele disse que estava me esperando para jantar com ele.
Agradeci e sumi para dentro.
Qual era a intençao daquele convite fora de lógica?
Eu estava separada de meu companheiro que estava bebendo muito.
Havia retornado à luta!!!
Vindo de homem acampado tudo virava confusão...😔😔😔😔
Ele chegou ali e acampou com a gente!
Trouxe um cacharro terrivel que mesmo amarrado atacava quem se atrevia a passar ali.
Nao o conheci direito.
Algum tempo depois eu já fora do Acampamento soube que ele foi assassinado ali.
Motivo: Briga por causa do cachorro!!!
O assassino sumiu no mundo.
Era uma pessoa bem atuante no Acampamento.
Não imagino o que o levou a essa tragédia!!!
Meu namorado Valdir morreu no sábado.
Foi localizado na lagoa no domingo a tarde.
Na segunda fui à Delegacia tentar a liberaçao do corpo para o velório.
Nao consegui.
Eu nao era pessoa da familia.
Na Delegacia fiz o reconhecimento oficial do corpo que estava no necrotério.
Lá na Delegacia encontrei a companheira Luiza que estava ali resolvendo alguma coisa.
Vim embora bem depois dela.
Quando cheguei ao Acampamento estava uma confusão.
Ela subiu pelo Acampamento dizendo que eu estava na Delegacia para denunciar os Sem terra  pela morte do Valdir.
Nao passou pela cabeça de ninguém que ele morreu AFOGADO.
Coisa triste um monte de pessoas sem ocupação e sem capacidade de ter empatia.
Porque eu iria denunciar um afogamento?
Ficaram um tempão querendo saber quem eu "fui denunciar".
Ninguém acreditou em reconhecimento do corpo.
Ainda mais eu nao tendo conseguido a liberaçao.
Ele foi enterrado uma semana depois.
Eu ignorava quem eram os familiares.

segunda-feira, 22 de junho de 2020

A gente tinha o Gordo no Acampamento.
Ele tinha 20 anos com cabeça de 3 anos.
Um dia meu companheiro manda ele comprar um litro de 51 na Agrovila.
Eu nao vi a proeza...
Só vi o Gordo chegar completamente bêbado na porta do barraco com o litro aberto.
Tinha bebido quase metade da cachaça.
Fiz ele ir levar o Gordo em casa.
Abandonou o menino perdido bêbado por ali.
A mãe dele que me contou depois que ele chegou caindo!!!


Aquele dia amanheceu o dia na maior confusão no Acampamento.
Policia!!!
Eu nao sabia o que estava acontecendo.
Mais tarde uma acampada veio conversar comigo.
Disse que era no barraco dela a confusão.
A Policia procurava o irmão dela foragido.
Ela disse que conversou com eles e pediu encarecidamente que fossem embora para nao assustar as crianças que dormiam.
Depois de muita negociação se retiraram.
Eu perguntei se ela imaginava onde poderia estar o irmão.
Sim!!!
Onde?
Escondido no barraco dela!!!

domingo, 21 de junho de 2020

Depre

Eu conhecia a Familia a muitos anos.
Ai a esposa morreu.
Uma vizinha do viúvo me falou que ele estava em depressão.
Fui lá na casa da vizinha e ela chamou ele para conversar.
Eu era sozinha e o convidei para sair no próximo domingo.
Ele aceitou e fomos num barzinho dançar um pouco.
Ele se sentiu muito culpado de se divertir.
Foi embora!
Me disse que dentro de um ano estaria preparado para recomeçar a viver.
Nesse intervalo arrumei um companheiro.
Vai que um dia estou em casa tranquila e meu companheiro diz que tem um homem me chamando.
Vou atender!
Era ele!!!
Cumpriu o prometido,apareceu ali um ano depois!
Só me restou pedir desculpas e dispensa-lo.
Sou uma mulher prática,nao fico um ano esperando coisa alguma.
Parto prá luta!!!
Contei a história ao meu companheiro.
Ele nao achou graça nenhuma!!!
😊😊😊😊😊

sexta-feira, 19 de junho de 2020

Meu ex marido de meu primeiro casamento nunca teve traquejo social.
Eu o conheci em 1969 mas só em 1972 decidimos namorar.
Para namorar tinha todo um ritual.
Fazer uma visita a meu pai que não o conhecia ainda,conversar,pedir em namoro e já marcar a data de casamento no dia que meu pai determinasse.
Coisa de meses!
Eu expliquei tudo ao candidato.
Ele"entendeu" tudo direitinho😄😄😄😄😄
No dia combinado as 19 horas ele chega,eu aguardava no portão.
Meu pai aguardando lá dentro com toda cerimônia.
Eu mando o infeliz entrar.
Ele dispara para dentro esbaforido,chega na porta aflito e do corredor mesmo ele grita:
Posso namorar a filha do senhor?????
Imaginem a cara de meu pai!!!
😄😄😄😄😄😄😄😄
Um dia juntei os netos e fomos no Bom Prato almoçar.
Eles chegaram numa animaçao total na entrada.
O porteiro também os recebeu na maior animaçao.
Ai pergunta ao meu neto:
Para que time você torce.
Ele na maior animaçao responde:
Corinthians.
O moço consternado:
Que pena,corintiano nao entra!
Acabou a alegria das crianças😄😄😄
Eles nao sabiam o que fazer.
Mesmo quando perceberam a brincadeira a animação já nao era a mesma!😄😄😄😄

  1. Eu levei minha neta num restaurante popular para almoçar comigo.

Ela tinha 7 anos.
Disse a ela que eu falaria que ela tinha 6 porque até essa idade era almoço gratuito.
Chego lá e a pessoa pergunta:
Qual idade dela?
Eu digo 6 anos.
E ela rebate:
Não vó,eu tenho 7.
Ai se lembrou do mico e disse:
É,eu tenho 6
Caiu minha cara de vergonha!!!
Ja aconteceu um branco com vcs?
Comigo aconteceu em 2000.
Eu trabalhava numa firma e as 6 horas tinha que estar no Terminal de ônibus.
Nem tinha clareado o dia completamente.
Aquele dia o ônibus entrando no Terminal e eu nao sabia o que fazia ali.
Tive que me sentar no vaso sanitário no banheiro e esperar o juizo voltar.
Voltou e eu fui trabalhar.
À tarde no mesmo dia estou vindo de ônibus para casa e dá outro branco.
Eu carregava uma sacola com duas calças e fiquei sem saber que calças eram aquelas.
Me desesperei.
Será que roubei??????
Não!!!
Eu tinha levado no trabalho para trocar ziper.
Demorei me lembrar.
Nunca mais aconteceu Graças à Deus!!!

quarta-feira, 17 de junho de 2020

Em Novembro do ano 2000 quando me divorciei conheci um senhor de 66 anos.
Muito velho no meu conceito à época.
Ele me tratava cono rainha tentando engatar um relacionamento.
Me disse que eu podia pedir o que quisesse que ele me daria.
Chegou Natal de 2000!
Ele querendo me dar o mundo.
Kkkkkkkkkkkkkk
Resolvi arriscar um pedido.
Iríamos no Shopping e eu escolheria uma blusa branca de seda.
Compromisso marcado.
Fui me encontrar com ele.
Ele carregava uma sacolinha de mercado na mão.
Me entregou!
Fui olhar era uma blusa a mais ruim possivel dessas lojas que vendem por 10 reais hoje.
Cobrei a ida ao Shopping.
Ele disse:
Mas querida,eu ja comprei a blusa!
Agradeci e fui embora com aquela blusa que so servia para fazer faxina em casa.
Mas presente é presente.
Aprendi a nao esperar nada de homem.
Quando eu quiser determinada roupa eu compro com meu dinheiro!!!

terça-feira, 16 de junho de 2020

So quem viveu num Acampamento sem terra entende a luta da mulher sem terra.
É uma vida dificil demais.
De aprendizado também.
Muito dificil para uma mulher levantar um barraco sozinha.
Muito difícil carregar água de longe.
Muito difícil retirar a cesta basica longe e carregar.
Muito dificil o assédio masculino.
Muito dificil arrumar um companheiro ali.
Quase todos os homens bebem.
Se a mulher aceita o assédio de um companheiro de luta sofre a discriminaçao de muitos.
Se a mulher nao aceita é discriminada também.
Eu enfrentei essa vida num momento que estava muito só e me sentindo inútil.
Nunca me importei com a opinião alheia ali.
Muitas vezes enfrentei problemas que tive que enfrentar de cabeça erguida e coragem.
Ali aprendi muito!
Cada dia ali trouxe uma nova visão da vida.
Hoje não voltaria.
Além da idade já avançada hoje tenho outros valores.
Mas que valeu a pena isso valeu muito...

domingo, 14 de junho de 2020

Outra vez nós decidimos ir num sitio em Iperó.
Meu companheiro lota a mobilete de abobrinha beringela tomate e tudo que foi achando.
Seguimos com aquele carregamento pela pista.
Antes de Aramar a mobilete quebrou.
Ele começou a empurrar e mabdou eu carregar aquele absurdo de legumes.
Eu fui andando e descartando legumes pela estrada.
Quanto mais cansada eu ficava mais legumes jogava fora.
Andamos horas empurrando aquela mobilete para chegar em Sorocaba.
Eu cheguei sem os legumes.
Havia jogado tudo pelo caminho!!!

Nós tinhamos ido em Iperó de mobilete.
Na volta nos perdemos por um caminho totalmente estranho para chegar na Rodovia Castelo Branco.
Rodamos demais naquele local estranho.
Nem sinal de chegar a parte alguma.
Só mato!
Ai pegamos um rua de terra com uma subida ingreme.
Eu rezando para a mobilete aguentar e não quebrar naquele fim de mundo desconhecido.
Acabando a subida dou um grito!
Uma enorme cobra preta atravessando a rua.
Quando vimos estava em cima.
Nem deu para parar.
Passamos por cima.
Meu companheiro vira a mobilete e retorna olhar a cobra.
Nao vimos nem sinal do bicho.
Evaporou!!!
O sonho dele era tirar habilitação.
Resolvi pagar e realizar o sonho.
Fomos juntos na auto escola e fizemos os procedimentos.
Ele foi encaminhado para exame médico.
Paguei!
Tudo certo e aprovado.
Próximo passo psicotécnico.
Lá fomos nós.
Paguei e ele entrou fazer.
Entrou e saiu na hora!
Eu sem entender.
A moça nao deu explicações nem devolveu o dinheiro.
Desci na auto escola ver o que aconteceu.
Ela ligou lá!
Reprovado!!!
Mas como?
Nem fez o exame.
Apertei ele para saber o que houve.
Ele nao sabia.
Tentei de novo e pedi que me contasse direitinho o que aconteceu naqueles 2 minutos que ele saiu de perto de mim.
Ele explicou:
A moça mandou eu brncar com uns biricuticos😄😄
Eu disse:
Não vou brincar com esses biricuticos ai!!!
Pronto!!!
Explicado o que nao tinha explicação lógica!!!

sábado, 13 de junho de 2020

Na minha infância minha mãe cozinhava com lenha e pó de serra.
Tinha a Fábrica de Móveis Âncora que jogava resíduo de madeiras ali na beira do córrego proximo à Rua Campos Salles.
A mulherada fica reunida ali aguardando o descarte.
Assim que jogavam o pessoal atacava para pegar lenha.
Tinha muito resíduo de madeira descartado ali.
Para mim era uma festa,eu,mãe e avó juntando lenha e carregando para casa.
Eu sempre levava meu próprio feixe de lenha...
,
Nao sei se alguém vai se lembrar.
Mas nos anos 60 eu morava no Bairro Barcelona e a coleta de lixo ali era feita por carroça.
Passava um carroceiro pegando o lixo que as pessoas colocavam em latas na frente das casas.
Esse lixo era descartado ali na beira da Rodovia Raposo Tavares atrás da Empresa São João.
Era só mato ali.
Minha mãe esperava o carroceiro passar e a gente ia espiar onde jogava o lixo.
Minha mãe procurava "coisas boas".
Na visão dela sempre tinha coisas aproveitáveis...

quarta-feira, 10 de junho de 2020

Quando eu era criança nao havia muita diversão.
Nem tv a gente tinha.
Alguns anos depois veio o "televizinho".
A gente ia na casa de minhas tias ver tv.
Lotava a sala.
Todo mundo ia ver Irmãos Coragem.
Quando não era vizinho era os circos de bairro.
Ordep e Guaraciaba.
Era muito divertido.
Lembro até hoje dos dramas e comédias.
Lembro dos artistas também (alguns)
Sempre montavam o circo na Parada do Alto ou na Rua Cuba.
Tempos bons que a gente se divertia com tão pouco.
Um circo tao pobre era uma festa!
Um espetáculo sem luxo nenhum e era maravilhoso.
Onde foi parar a inocência do ser humano???

terça-feira, 9 de junho de 2020

Quando Valdir morreu no Acampamento um dia estou tranquila em meu barraco e me aparece uma comitiva de homens.
Carregavam uma grande cruz.
Me chamaram para ver.
Nao entendi o que eles queriam.
Tinham vindo pedir autorizaçao para colocar a cruz na lagoa onde Valdir se afogou.
Me disseram que em sua caminhada em busca de Paz se apoiaria na cruz para descansar.
Quem sou eu para questionar?
Concordei e lá se foi a comitiva caminhando pela pista carregando a cruz ...
Aquele dia no Acampamento ele estava com a corda toda.
Ja cedo arrumando briga com os vizinhos.
Foi lá e rasgou a lona do barraco do Magrão.
Ele levou o caso à coordenaçao.
Foi feita uma reunião para expulsa-lo dali.
Ele estava nervoso na reunião.
Tremia riscando o chão com uma varinha.
Pedi clemência para ele.
Me disseram que ele ficaria mas nao haveria outra chance.
Eu me propus a ir na cidade e comprar outra lona.
Magrão aceitou e ele ficou ali infernizando mais um pouco!!!
Eu estava morando numa casa que pertenceu à minha mãe.
Ele tinha vindo comigo.
De repente sumiu por 06 dias.
Eu já imaginava que estava perdido bêbado em outra cidade.
De repente bateram na porta da sala.
Era ele com um amigo.
Eu abri e disse que nao queria bêbado ali...e fechei a porta.

Ficou tudo em silêncio,fui espiar.
Eles nao estavam mais ali.
Ele só foi aparecer uma semana depois...sem tomar banho esse tempo todo!!!
Era Junho!!!
Estávamos ensaiando quadrilha no Acampamento.
Maior briga para formar os pares.
Eu tinha meu companheiro mas nao podia contar com ele sóbrio no dia da Festa.
Me arrumaram o Maurício como par.
Era um rapaz alto de 18 anos.
Ensaiamos certinho.
No dia da festa Maurício está lá...bebâdo.
A dança começa e eu tenho dificuldade para controlar o par.
Ele se perde no meio da dança me largando.
Eu continuo firme sem par.
Donato que estava coordenando a quadrilha resgata o fujâo e faz sinal para eu segurar.
Nao era possivel segurar o tempo todo.
La vai ele perdido de novo para o meio da roda.
Donato recupera ele e me entrega.
E assim fomos até terminar...
Minha primeira e última dança na quadrilha!!!

segunda-feira, 8 de junho de 2020

Aquele dia de manhã eu estava indo socorrer o cego louco que nao parava de ligar.
No ponto de ônibus comecei a conversar com uma mulher que me disse que morava no Acampamento.
Eu me interessei e combinei de ir fazer uma visita lá.
Perguntei se nao haveria perigo.
Eu morria de medo de Sem-terra.
Ela me garantiu que era tranquilo.
No dia combinado fui.
Encontrei ela vindo do rio.
Subimos juntas para o barraco dela.
No caminho ela encontra um rapaz e dispara:
----- Essa mulher veio ficar com a gente!
Ele ficou animado e disse que tinha acabado de desocupar um barraco e eu podia ficar lá.
Fui olhar e decidi ficar.
Nao tinha nada no barraco,apenas a lona preta.
Consegui um acampado com um Fusca e viemos buscar minhas coisas.
Levei o que coube no Fusca e lá fiquei sem ter planejado.
Para quem estava precisando de aventuras rendeu muito!!!
Eu estava morando no sítio com ele.
Vespera de ano novo!
A gente sem dinheiro nenhum.
Consegui comprar uns ingredientes e fiz um arroz de forno.
Seria só para nós dois.
Daria para comer a noite e almoçar no outro dia.
Meu companheiro endoida umas 23 horas.
Nao iria passar o Ano Novo sozinho.
Iriamos num sitio ao lado.
Sem nada para levar,sem convite.
Pegou a travessa de arroz de forno e lá fomos nós naquela escuridão.
Chegamos na casa tudo apagado.
Pessoal dormindo.
Ele faz um escândalo e acorda o povo.
Levantam grogue de sono,descabelados.
Ele faz todo mundo comer.
O pessoal nao se aguenta em pé.
Eu peço desculpas e retiro ele dali.
Ele deixa nossa travessa de comida lá e vamos embora.
Não quer dormir.
Ficamos a madrugada toda sozinhos na rua naquela escuridão.
Conclusão: No outro dia nao há nada para comer porque o dinheiro era escasso.
Faço uma panela de arroz e milho verde.
Nem imagino se o povo comeu o que restou  da única comida melhor que tinhamos...
Uma vez a quase 20 anos ajudei um cego no Centro.
Sempre ajudo cegos onde os encontrar.
Acabamos conversando e ele me disse que havia futebol de cegos na Acm.
Me interessei!
No domingo estava lá para assistir,muito interessante.
No final do jogo o cego foi me encontrar onde eu fiquei.
Chegou e me lascou um beijo!
Eu fiquei muda,sem reaçao.
Ele percebeu!
Ficou terrivelmente constrangido e pediu desculpas.
Eu fui embora!
Até hoje vejo ele andando pela cidade.
Ja aconteceu de ajuda-lo na rua.
Mas nunca mais conversamos.
Fiquei chateada com a confusão que ele fez me desrespeitando.
Já vi ele acompanhado por uma mulher que deve ser esposa.
Destruiu uma amizade que estava começando!
Ele estava sempre chapado.
Eu suportava mas exigia respeito.
Ai arrumei uma cadela a Mel.
Ele chegava bêbado e xingava a Mel de tudo que ia lembrando..
Eu protestava.
Ele dizia:
-----Nao e você amor,e essa cadela ... 
E desandava com os xingamentos.
A cadela ficava olhando sorridente.
Acho que gostava da atençao que ele dava infernizando ela.
Eu ignorava porque sabia que ele era doido!!!
Não tinhamos onde tomar banho no Acampamento.
Nem água!
Entao ficou decidido que as mulheres e crianças tomariam banho na lagoa até as 16 horas.
Após esse horário seriam os homens.
Desci aquele dia com a amiga Natália e a Ivani tomar nosso banho.
Tinhamos que tomar banho vestidas.
Tudo estava normal até dar "um fogo" na Ivani e ela começar a jogar água
,rir,gargalhar,pular.
Eu achei aquilo estranho.
Muito fora do normal aquele assanhamento com a gente.
Ela nao era assim normalmente.
Comecei a olhar por ali.
Descobri um colega nosso escondido no mato observando nosso banho.
Ela devia ter visto ele bem antes de nós!!!
Expulsei ele dali.
Se tivesse levado o caso para a coordenaçao ele estaria fora do Acampamento.
Nao cabia à mim prejudicar um colega de luta...
Quando fui morar no Acampanento nao fiz nada no primeiro dia.
No segundo dia resolvi fazer um café bem cedo.
Coloquei alguns paus no fogão improvisado e toca acender fósforos.
Nada!
Fui esperta sic.
Sai procurar palha.
Achei!!!
Todas encharcadas de sereno.
Maior luta para acender o fogo.
Desisti.
Sai com uma tampa pedir brasas nos vizinhos.
Deu certo.
Quando fui coar o café...eu havia esquecido de levar coador!
Nao me abalei.
Coei num pano de prato!!!
Quando fui morar com meu companheiro no Acampamento ele tinha uma lata de 20 litros feito uma gambiarra.
Perguntei o que era aquilo.
Ele me disse que era um fogão a carvão.
Eu nao sabia onde ele arrumaria dinheiro para comprar carvão visto que sem terra nao trabalha fora.
Nao demorou eu descobrir .
Ele arrumava um saco e saia pelo mato catando lenha queimada.
Trazia tocos e gravetos pretos que ele cortava con facão e transformava em pedaços menores para caber dentro da lata/fogão.
Vivendo e aprendendo!!!
Ela era uma morena muito bonita.
Timida ao extremo.
Vivia escondida em seu barraco no Acampamento.
Descobri que além de tímida ela morria de vergonha de seu nome.
Ali era impossivel esconder porque havia chamada de manhã nos grupos para ver se as pessoas estavam realmente acampadas.
Para ela era motivo de vergonha responder a chamada.
Nem respondia.
Ficava meio escondida envergonhada e a pessoa já marcava presença.

Nunca entendi tamanho trauma.
O nome dela era Jesus.
Decidiram fazer uma roda d'agua no Acampamento.
Traria água de uma lagoa lá embaixo.
Trabalharam muito!
Fizeram um encanamento que subia pelo Acampamento e de 50 em 50 metros uma torneira.
Nao era água potável mas ajudaria muito.
Ficou caro mas uma beleza.
Abria a torneira e jorrava água.
Nao durou muito!
A roda d'agua nao dava conta de mandar agua para todos.
De manhã saia um fiozinho de água e durante o dia as torneiras secas.
Ai o serviço de água da Prefeitura instalou uma enorme caixa de água que o caminhão pipa abastecia segundas quartas e sextas feiras.
Era uma fila enorme para pegar dois galões de água.
Chegava a uns 100 metros a fila.
Aprendi a dar valor a uma garrafa pet com água potável!!!
Resolvemos fazer uma horta comunitária no Acampamento.
Havia um poço desativado ali que serviria para a horta.
Ficou linda!
E no auge da produção o poço secou.
Dava pena de ver as plantinhas esturricadas no sol.
Resolveram abrir outro poço ao lado.
Cavaram muito e nao deu água.
Serviço de amador.
Cavaram tudo errado e o poço começou a desmoronar.
Tiveram que aterrar e ficamos sem poço e sem horta!!!
Meu companheiro nao pagava pensão alimentícia.
Num começo de ano comprei material escolar e fomos levar para os filhos dele.
A mulher nos recebeu muito mal.
Gritou um monte com ele.
Sumimos de lá,eu nao disse nada,deixei o material escolar.
No outro dia estamos em casa e passa uma viatura da Policia.
Para em frente nossa casa no sitio e eu vou atender.
Perguntam por uma pessoa.
Eu nao conhecia mas falei que meu companheiro devia conhecer.
Entrei perguntar a ele.
Nao o encontrei em lugar nenhum.
Voltei e avisei a eles que meu companheiro não estava em casa.
Entro de novo e vejo ele vindo de uma roça de milho
Perguntei o que fazia lá!
Disse que tinha fugido de medo de ser preso por causa de pensão.
E a pensão nunca foi paga!!!
Eu que levava algumas coisinhas para as crianças com meus parcos recursos!

Aquele dia estava chovendo demais no Acampamento
Ele saiu beber assim mesmo.
A noite chega debaixo de chuva molhado e resolve que iriamos na igreja ali.
 No meio do mato.
Pega um guarda chuva e a idiota aqui e sai os 2 naquele temporal.
Chegamos na igreja e nao havia ninguém ali.
Tudo deserto e chuva caindo.
A gente ja ensopado naquela chuva com um guarda chuva só.
Demorou um pouco e chega o pastor.
Abriu a igreja entramos e ele faz um culto relâmpago e nos dispensa.
Fomos para casa encharcados!!!
Nossa situaçao financeira estava caótica naquela semana no Acampamento.
Ele foi fazer um bico para conseguir algum dinheiro.
Eu comprava leite num sitio ali para pagar por quinzena.
Avisei a mulher que no sábado pagaria.
No sábado ele saiu cedinho receber.
Sumiu!!!
A tarde ele chega bêbado.
Procurei o dinheiro que ele tinha ido buscar
Ele me diz:
-----Ô amor.. Nao tenho mais dinheiro não,dei para o fulano porque ele estava precisando.
Conclusão:Tive que ir no sitio vizinho e pagar a mulher com a comida que tínhamos em casa e ficar sem.
Ainda bem que ela aceitou!!!
Eu estava morando no sitio e costurava para Empresa.
Aquele dia tinha 150 calças infantis  fazer.
As calças tinham uma perna bordada.
Na hora de montar as calças tinha sumido a parte bordada de dentro de casa.
Eu entrei em contato com a Empresa e informei.
Atrasou muito o serviço mas mandaram outra parte bordada.
Quando estou montando as calças finalmente, olho em cima da cômoda e está lá o pacote desaparecido.
Algum desgraçado me roubou e quando eu tinha resolvido o problema resolveu devolver.
Até hoje nao sei quem fez aquilo mas tenho minhas suspeitas.
A gente vivia uma vida de miséria entre acampamento e sítio.
Nao tinha nada além de arroz e feijão.
Eu ia pelas roças vizinhas depois das colheitas procurar refugo.
Sobrava muita coisa abandonada nas roças após a colheita.
Aquele dia eu tinha batatas e quiabos.
Ele resolveu cozinhar.
Amava fazer isso.
Quando fui almoçar ele tinha cozinhado o quiabo com a batata por uma hora na panela de pressão.
Imagine a gosma grudenta que virou!
Ficamos sem mistura.
Ele ainda comeu aquilo!!!
Ele havia sumido mais uma vez naquele Acampamento.
De madrugada chegou e caiu na cama no escuro.
Percebi que ele chorava.
Eu sempre tinha muita pena dele.
Passei as mãos no rosto dele para secar as lágrimas.
Estava melado!
Achei aquilo estranho.
Tentei limpar de novo e percebi que nao era só lágrimas.
Acendi uma vela!!!
Ele estava com o rosto lavado de sangue e um olho preto.
Quis saber o que era.
Ele so chorava.
Cuidei dele e nao perguntei mais nada.
Ao clarear o dia vi o estrago.
Rosto deformado.
Com muito custo me contou.
Havia levado uma coronhada de revólver no rosto.
Ficou daquele jeito muito tempo até voltar ao normal.
Nesse tempo todo ele andava pelo Acampamento com uma toalha de rosto na cabeça gerando curiosidade em todos.
Kkkkkkk
Ele bebia demais...
Dava pena de ver.
Sumia dias para beber.
Voltava imundo,fedido.
Deitava na cama e passava a semana semi morto com os olhos fechados.
Eu morria de dó!!!
Limpava ele com um pano molhado.
Dava água na boca.
Fazia sopinhas e me sentava na beira da cama para ajuda-lo a comer.
Era um trapo humano que eu queria recuperar para a vida.
Ele ficava ali, inútil, largado na cama.
Eu ao lado dele cuidando.
Uma semana depois ele se recuperava!
Quando eu ia ver onde estava já tinha sumido de novo.
Ia beber e recomeçar tudo outra vez!!!
Eu ganhei uma cachorra no sítio
Era a Mel.
Ela era terrivel.
Vivia presa,nao podia soltar que aprontava.
Aquele dia saimos passear num sitio vizinho.
Levamos a Mel com a gente.
Chegando no sitio ela suniu de vista.
Nao me preocupei.
Na hora de ir embora chamei por ela.
Veio toda sorridente...com uma asa de galinha na boca!!!
Aquele sábado houve uma reunião do Incra na Agrovila o dia todo.
Eu participei de manhã e me deram uma pasta de papéis que eu deveria trazer à tarde.
As 13 horas eu estava sentada lá.
A reunião começa e gera um mal estar.
Eu sentada...
Como sou surda devo ter perdido alguma fala porque as pessoas me olhavam aguardando.
De repente me dei conta da situação.
Eu carregava a pasta e era a primeira a discursar.
Eu?????
Fiquei estarrecida!
Levantei e defendi uma ideia totalmente oposta aos interesse dos acampados.
Comecei mal como palestrante.
Aquela tarde a gente nao tinha nada para fazer.
Eu ja estava morando com ele no Acampamento.
Reunimos uns amigos,fizemos uma vaquinha e compramos um quilo de linguiças.
Eu faria um arroz para acompanhar.
Os meninos se reuniram em nosso barraco.
As 18h30 eu estava fazendo o arroz e fritando as linguiças, num fogaozinho de duas bocas colocado no chão de terra do barraco.
Os meninos sentados na cama do único cômodo.
Eu agachada tentando cozinhar sem conforto nenhum.
Ai chegaram 02 coordenadores e ficaram parados na porta do barraco olhando.
Eu os convidei a entrar e comer com a gente.
Nao falaram nada!
Foram embora mudos!
Eu nao entendi o motivo da visita estranha.


No outro dia eu soube que houve uma reunião para me expulsar dali porque eu estava numa orgia com 05 homens no barraco que eu morava com meu companheiro.
Orgia?
Arroz e linguiças as 18h30 com o barraco aberto?
Nem sei o que decidiram na reunião sem nexo mas ninguém da coordenaçao veio me incomodar mais!!!
Todas as noites a gente cantava e tocava violão no Acampamento até 22 horas.
Era nossa diversão.
A porta de meu barraco era o ponto de encontro.
Aquela noite fria de Junho nao foi diferente.
As 21 horas o pessoal já começou a se retirar.
Ficamos eu e ele sozinhos conversando no final da cantoria.
Ele me contou de sua vida, de seus fracassos,suas perdas,muitas coisas.
Até passamos do horário de se recolher.
Me disse que fazia 04 anos que nao tinha uma mulher.
Nos beijamos!
Eu concordei em ficar com ele aquela noite.
Avisei que nao haveria outras.
Cumpri o prometido.
Nunca mais ficamos juntos.
Ele era boa pessoa.
Mas eu nao o amava!

O tempo passou!!!
Um dia vi ele sendo conduzido para fora do Acampamento pelos coordenadores.
Perguntei ao Gordinho a razão da expulsão.
Ele me contou que nosso amigo tinha molestado 22 mulheres com propostas indecorosas.
Pelo jeito ele era especialista em contar histórias tristes para comover mulheres!
Fiquei curiosa para saber quantas como eu se comoveram com a "solidão" dele.

domingo, 7 de junho de 2020

Eu estava tranquila em meu barraco no Acampamento e ele bateu palmas.
Sai atender.
Perguntou se meu marido estava em casa.
Disse a ele que nao tinha marido.
Ele me disse que procurava uma pessoa que pudesse preparar uma carne que ele comprou.
Me interessei!
Carne ali era artigo de luxo.
Disse a ele que trouxesse que eu prepararia.
Foi buscar!!!
Trouxe 05 cabeças de frango...
Enquanto eu preparava "aquilo" ele foi buscar a comida.
Uma marmita de arroz frio.
Trouxe também uma garrafa de vinho.
Nao permiti que abrisse o vinho!
Acabamos comendo juntos aquele arroz esquentado e as cabeças de frango.
Ele estava com "arte".
Acabamos de comer e fiz ele ir embora de meu barraco.
Algum tempo depois acabamos ficando por uma noite!!!

Eu acordei cedo aquele dia no Acampamento e vi um movimento anormal.
Todo mundo correndo por todo lado.
Fui verificar!
Havia acontecido um acidente com um caminhão carregado de arroz.
Fui até a pista olhar.
A Policia Rodoviária ja estava lá.
Havia muito arroz espalhado pela pista.
Eu precisando de arroz.
Fui chegando de mansinho,peguei um saco de 5 kls,mostrei ao policial e disse:
---- Está rasgado!
Ele me ignorou.
Fui saindo com o saco de arroz kkkkkkkk
Meu companheiro se apavorou.
Dei o saco para ele e mandei sumir dali.
Passamos o dia com aquela movimentaçao.
A Policia Rodoviária convidou os sem terra para ajudar na retirada daquele arroz espalhado na pista.
Colocaram num caminhão e levaram ao acampamento doando aos sem terras.
Coube à mim 30 kilos daquele arroz,mais os 5 kls que eu peguei por conta.
Por duas vezes tive uma experiência inexplicável no Acampamento.
Na primeira vez eu estava dormindo e fiquei paralisada.
Mesmo paralisada eu via o barraco cheio de luz azul e meu companheiro dormindo ao meu lado com as mãos cruzadas no peito.
Quando aquilo passou acendi um fósforo e olhei.
Realmente meu companheiro dormia no jeito que eu vi na crise.


Na segunda vez eu também fiquei paralisada dormindo sozinha no acampamento em Mairinque.
Eu vi um homem vestido de vermelho entrar no meu barraco e se deitar ao meu lado.
Nessas duas vezes eu estava consciente que precisava acordar e sair daquele transe.


O barraco era terrivelmente escuro porque era feito de plástico preto.
Mas durante o transe estava inundado de luz...

Eu havia mudado meu barraco para o outro lado do Acampamento.
Fui ser vizinha do coordenador naquele grupo.
A tardinha daquele dia fui buscar a amiga Natália para ver onde eu estava morando.
Fui acompanha-la depois quando foi embora.
Encontrei o amigo Edmilson que quis saber onde eu morava.
Levei ele ver e o recebi do lado de fora do barraco sentado em latas.
Enquanto a gente conversava passou um amigo na rua distante e ele grita:
------ E ai Mineirinho,cadê o queijo?
Ficou um pouco ali e foi embora.
No outro dia fizeram uma reunião para me expulsar dali porque eu estava recebendo homem em casa que estava tirando a paz do local com gritos.
Nem discuti,desmontei meu barraco com ajuda dos amigos e montei em outro local!
Ali tudo virava confusão!!!


Nosso amigo Magrão bebia e arrumava confusão no Acampamento.
Naquele dia ele atravessou o acampamento e foi num barraco arrumar briga.
A familia inteira atacou ele e o machucaram bastante.
Ele ficou muito tempo escondido em seu barraco sem sair.
Quabdo o vi algumas semanas depois aibda tinha marcas de agressão!!!
Todos os dias eu juntava roupas e louças no Acampamento e ia lavar no rio.
Para chegar lá tinha que passar em frente o barraco de seu José.
Ele me esperava com um sorriso enorme e oferecia um café.
Nunca aceitei!!!
Um dia ele me cercou e perguntou à queima roupa:
---- Você sairia comigo?
Respondi sem pensar:
----- Não!!!
Ele ficou magoado pela resposta brusca.
Perguntou porquê.
Porque era casado em primeiro lugar,a esposa vinha ali às vezes visitar ele acampado.
Morava em Campinas.
Ele me explicou que eu ficar com ele traindo a esposa nao traria consequência nenhuma.
---- Que mal tem? -- perguntou
A resposta continuou sendo NÃO
Sai do Acampamento algum tempo depois mas voltei visitar os amigos.
Seu José tinha abandonado tudo ali.
Perguntei a razão dele ter desistido da terra.
Entrou em depressão depois de descobrir que a esposa o traia.
Eu me lembrei das palavras dele para mim:
----- Quem mal tem?
Ele só descobriu ao provar!!!
Recebemos uma doaçao em euros no Acampamento.
Com esse dinheiro compramos 3 vacas.
Maior problema!
Ninguém queria cuidar das vacas!
Foi feita algumas reuniões para conscientizar o povo.
Nada!!!
Maior briga para cortar capim e tratar os bichos.
Produçao de leite mínima.
Uma caneca para cada criança pequena do Acampamento.
Dali a alguns dias tinha 02 vacas!
Passou mais um tempo só tinha 01 vaca.
Mais um tempo e nao havia vaca nenhuma.
Eu nunca soube que fim levaram as vacas!!!
Aquele sábado recebemos a visita de uma comissão belga no Acampamento.
Pessoal muito branco,vermelhos pelo sol forte da tarde.
Nenhum falava português!!!
Nosso companheiro Chicão sem nem entender o idioma gritava palavras soltas em inglês sem nem saber o significado.
Eles olhavam assustados.
Eu consegui trocar algumas palavras com uma belga que foi casada com um português.
Pouca coisa ela entendia!!!
Fizemos uns presentes de papelão que se desmontava ao pegar e os belgas firmes ali sem entender nada!!!
Foi uma tarde confusa.
Eles fizeram uma doaçao em euros!!!
Aquela noite teve Festa Junina no Acampamento e baile também até 22 horas.
Horário limite ali.
Eu dancei muito com um homem que apareceu na festa.
Acampado também,eu não o conhecia.
Ele cismou de passar a noite comigo.
Sem a menor chance de isso acontecer.
No final da festa fui embora com Natália e alguns amigos.
Ele nos acompanhou.
Ao passar pelo meu barraco passei direto.
O pessoal deu o alarme:
------ Você fica aqui!!!
Eu querendo descartar o companheiro retruquei:
------ Hoje vou dormir com a Natália!!!
Ninguém entendeu nada,só o amigo que seguiu em frente sem nem se despedir.
Eu passei por trás do barraco da Natália e retornei ao meu pelos fundos!!!
Ele era nosso violeiro no Acampamento.
Fazia nossa vida menos triste ali.
Todas as noites o pessoal se reunia do lado de fora de meu barraco ou no barraco da Natália.
Um dia virou uma confusao ali.
Um marido desprevenido chegou de viagem e achou ele dentro do barraco com a esposa.
Ele nao teve dúvidas,arrancou a parede de lona preta e saiu correndo,com o marido no encalço com uma foice.
Nao aconteceu nada!!!
Ele vivia depois morrendo de medo das consequências.
O marido traido nem cogitou deixar a esposa.
Quem perdeu foi ele!
Acabou nos deixando e nossas noites ficaram mais triste sem seu violão!!!
Naquela noite meu companheiro estava fazendo ronda no Acampamento das 18 as 24 horas.
Fiz um café e levei para ele e os companheiros na portaria 2.
Me informaram que eles se encontravam na portaria 3.
Desci levar o café,deixei lá e voltei ao barraco.
O amigo Gordinho subiu me acompanhaar e trocar de portaria na ronda.
Eram 21h30.
No outro dia um bafafá que eu andava "altas horas"da noite circulando pelo Acampamento.
Pedi a eles que me prendessem na portaria para eu ver de manhã onde eu andava durante a noite...kkkkkkkkkk
Ali tudo era motivo de fuxico!!!
Eu estava perambulando pelo Acampamento sozinha sem nada para fazer.
Ai notei um ônibus estacionado ali e uma aglomeração de pessoas.
Fui ver.
O pessoal estava se reunindo para fazer um protesto numa Empresa.
Me enfiei junto.
Chegamos em Sorocaba e descemos numa Empresa no Alto da Boa Vista.
Eu morrendo de vergonha me afastei do povo.
O coordenador foi me buscar.
Eu estava ali para protestar.
Dali subimos à pé até o Forum para mais protesto.
Até hoje nao sei exatamente contra quê eu estava protestando.
Mas valeu o passeio!!!
Quando cheguei no Acampamento me voluntariei para ajudar onde precisassem.
Me mandaram ajudar na cozinha no dia seguinte.
De manhã acordo animada!
Desço pelo Acampamento procurando a cozinha.
Nao achei!
Nem quis perguntar a ninguém sobre isso.
Procurei o coordenador e avisei que nao achei a cozinha que deveria ser bem visivel.
Ele me informou onde era.
Ao lado da casa da E.......
Voltei procurando a casa da E.....
Encontrei!!!
Um pedaço de terreno sem nada e algumas mulheres sentadas em latas cortando repolhos.
Aquilo era a cozinha.
Havia também um fogãozinho à lenha feito de barro no meio do terreno sem nenhuma cobertura.
Fiquei  sem ação!!!
Ajudei um pouco a cortar aqueles repolhos sem higiene nenhuma e logo em seguida desisti de ajudar ali.
Me ofereci para outro tipo de trabalho!
Me mandaram trabalhar nas portarias e na Secretaria.
O tempo todo que morei ali fiz esses trabalhos!!!

sábado, 6 de junho de 2020

Como eu ja contei aqui meu companheiro bebia muito.
Aquele dia passou bebendo.
À noite desaparece!
Eu sai na rua e perguntei a um transeunte se tinha visto ele.
Sim...viu sim...
Ele estava na igreja!
Dei graças à Deus mas fiquei desconfiada.
Resolvi ir dar uma olhada na igreja que era na minha rua.
Quando vou chegando levo um susto!
Devia ser uma reunião de jovens.
Estavam segurando o portao da igreja por dentro e meu bêbado tentando entrar a força.
Eles tentavam colocar o cadeado mas ele era forte e empurrava o portão.
Eu nao tive dúvidas.
Grudei ele pelo colarinho e liberei o portão para eles colocar cadeado.
Fui embora!
Ele andou um pedaço atrás de mim dizendo que ia me matar.
Nem olhei para trás.
Ele desapareceu.
No outro dia quando me levantei ele estava dormindo em meu Fusca que nao trancava a porta!!!

Era um sábado a tarde.
Fazia uma semana que eu morava no Acampamento.
Tinha mandado fazer uns bancos e estava sentada sozinha lá.
Ai me aparece o Donizete.
Já foi chegando e dizendo que aquela noite ia dormir em meu barraco.
Eu quis entender o porque daquela conversa.
Ele disse que tinha visto 2 homens dormir lá e o próximo seria ele.
Nao havia homem nenhum em meu barraco.
E disse mais...
Se eu recusasse ele iria contar ao coordenador.
Nao tive dúvidas.
Pulei por cima do banco e o agarrei pelo colarinho e o arrastei para a casa do coordenador.
Tarefa dificil!
Ele era baixinho mas muito mais forte que eu.
Nisso uma vizinha surda muda viu aquilo e saiu correndo chamar o coordenador.
Ele veio,eu continuava a segurar o homem.
Soltei e mandei ele contar ao coordenador o que me disse.
O rapaz recuou!
Disse que ia passando e me perguntou quem morava ali e eu tive uma reaçao daquelas.
O coordenador ouviu as duas partes e propôs uma reunião para expulsar ele.
Eu recusei.
Nunca mais aquele homem me dirigiu a palavra pelo tempo que morei ali.
Às vezes uma atitude firme ajuda muito!!!
Meu companheiro tinha sumido.
Fui procurar ele e estava bêbado na porta do bar.
Falei para ele que não havia possibilidade de ir para casa daquele jeito.
Ele me encara grogue e pergunta:você duuuuuvida?
Sim eu duvidava!
Ele saiu torto e se encaminhou para o Acampamento.
Andava alguns metros ,parava,me encarava e perguntava:
------Você duuuuuuvida?
E continuava andando.
E de duvida em duvida nós conseguimos chegar em nosso barraco!!!
Aquela noite meu companheiro me convidou para visitar um casal amigo ali perto do Acampamento.
Eu detestava fazer isso mas fui.
Estava frio e eu estava de jaqueta e boné.
Como sempre em vez de cumprir a palavra e visitar o casal ele se enfia no boteco.
Ficamos do lado de fora no escuro numa roda de homens bebendo.
Eu muda ali.
Nunca vi homens falar tanta besteira como aquele dia.
Eu firme e calada.
De repente um deles olha melhor na minha cara e leva um susto.
Pede mil desculpas pelos palavrões e pornografia.
Jura que não sabia que tinha uma mulher ali.
Eu nem ligava mais para nada naquele Acampamento.
Finalmente nos encaminhamos para o sitio para fazer a visita.
O Sr. Boca Suja era o anfitrião.
Chegamos lá e o que mais encontrei foi bebida.
Até a dona da casa bebia igual os homens!
Procurei sair o mais rápido possível antes que caissem de bêbados.
Viemos embora caminhando por milagre depois daquela quantidade de bebidas que meu companheiro ingeriu.
Eu estava morando com meu companheiro fazia alguns dias.
Naquela tarde estava deitada sozinha em nosso barraco e chega um bêbado e se deita junto comigo!
Eu fiquei sem ação!!!
O bêbado me encara e diz: Tem uma mulher aqui?
Tive que confirmar que sim!
Ele se levantou e saiu.
Eu fiquei pasma sem entender nada.
Algum tempo depois fiquei conhecendo ele.
Era um assentado que morava vizinho do Acampamento e era amigo de meu companheiro.
Devia estar acostumado a entrar e se deitar a hora que dava na "telha".
Acabou ficando meu amigo também!
Aquela noite fomos ao barraco da amiga Natália ajudar ela acertar o lampião.
Na volta vinhamos com nosso lampiao pelo Acampamento e meu companheiro começou a gritar que pisou numa cobra.
Eu tirei o lampião das mãos dele e fui olhar.
La estava a cobra se retorcendo.
Devia estar ferida!
Eu deixei ele vigiando a cobra e fui procurar uma vara para dispensar ela longe dali.
Com a gritaria dele de :Cobra...Cobra... Juntou muita gente e nao deixaram eu dispensar a cobra.
Mataram ela ali mesmo!!!
Me deu uma dó!
Aquele dia ele sumiu!!!
Saiu de manhãzinha e ja estava quase escurecendo e ele nao chegava.
Eu morava no Acampamento.
Sai dar uma volta!
Descobri um bar escondido no final do Acampamento e ele lá junto com um amigo de copo, comendo uma comida encardida numa marmita suja.
Os dois dividindo a comida com a mesma colher suja.
Quando me viu ficou feliz e veio cambaleando com a marmita para eu comer também.
Nem falei nada!
Dei meia volta e fui para casa.
Ele chegou no outro dia!!!
Era dia de Natal!!!
Eu estava no sítio com ele.
A tarde ele disse que iria até o sítio vizinho desejar um Feliz Natal a eles.
Já já estaria de volta!
Foi...
Nunca mais que voltava!
Resolvi ir dar uma espiada.
Ele estava bêbado desmaiado na grama e o amigo completamente bêbado ao lado.
Eu sem saber o que fazer.
Nao havia mais ninguém ali.
Pensei em pegar um carrinho de pedreiro e resgatar ele.
Desisti!!!
Voltei para casa.
No outro dia ele apareceu.
Disse que acordou na grama com um cobertor por cima.
Eu nem me abalava mais.
Era uma bebedeira atrás da outra.
Eu passava noites e dias sozinha em casa.
Ele perturbava muito quando bebia
E bebia o tempo todo.
Nem trabalhava.
Aquela semana ele foi no sítio e trouxe uma galinha.
Eu nao tinha onde colocar uma galinha.
Ele deixou o bicho solto dentro de casa.
Maior sujeira!
Ai veio a bebedeira.
Eu ignorei,ele passou o dia na rua e a noite ficou perturbando.
Eu fingindo dormir!
No meio da noite ele começa a enfiar alguma coisa na minha boca na cama.
Eu fiquei desconfiada.
Abro os olhos e me deparo com a galinha morta e a cama cheia de sangue.
Ele havia arrancado o pescoço da galinha e tentava enfiar a galinha sem cabeça em minha boca pesteando a cama de sangue.
Nao sei quem era mais louco.
Ele com as barbaridades dele ou eu por suportar?
Nao sei o que me levou a aceitar aquilo por 3 anos!!!

Eu nao saia do Acampamento nem de dia e nem a noite.
Aquela noite meu companheiro decidiu que eu tinha que acompanhar a mãe dele na igreja a uns 2 quilometros dali.
Para uma boa causa eu iria.
Saimos naquela escuridão!
Ele tomou o rumo oposto da casa da mãe.
Eu cobrando,ele caminhando pela pista sentido Capital.
Eu já apreensiva,onde ele estaria indo?
Nao demorou muito para eu descobrir.
Ele se enfiou num sitio onde estava rolando churrasco e bebida.
Todo mundo já bem alto.
Cheguei na porta dei boa noite e virei de volta ao Acampamento...sozinha!
Ele ficou lá e só apareceu no dia seguinte.
Eu tive que fazer aquela caminhada de volta no escuro na beira da Castelo Branco deserta!!!
Deus me deu muita coragem e livramento nessa vida!
Nosso amigo Betão apareceu la em casa à noite com um pacote de cigarros.
Foi dizendo que tudo que queria nessa vida era se livrar do cigarro.
Eu disse a ele que eu podia resolver.
Peguei o pacote da mão dele e atirei pela janela naquela escuridão.
Pronto!!!
Era so nao ir buscar o cigarro e nao comprar outro!
Ele ficou muito bravo!!!
Mas era a soluçao perfeita.
Pena que ele nao concordou!!!
Estava aparecendo cobras no Acampamento.
Todo mundo vivia com medo ali.
Apareceram várias.
Naquela noite eu e meu companheiro dormindo acordo com um rolo pesado nas pernas.
Imaginei o tamanho da cobra pelo peso.
Fico sem saber o que fazer naquela escuridão.
Acordo meu companheiro com cuidado e aviso que tinha um bicho na cama.
Ele com cuidado também acende uma vela e descobre o bicho.
Era um gato roncando apoiado em mim
Kkkkkkkkkkk
Meu companheiro expulsou o gato aos pontapés.
Deve ter passado um sufoco também naquele escuridão pensando na cobra.
Aquela tarde eu deveria trabalhar na portaria 1 do Acampamento.
Fui...
Estou lá e chega alguém dizendo que a portaria 2 estava abandonada porque eu nao fui lá.
Desço correndo e fico lá.
Dali a pouco o coordenador vem e diz que a portaria 3 estava abandonada porque eu nao fui lá.
Passo as mãos no pescoço do coordenador numa brincadeira e digo que vou mata-lo porque eu era uma só e ele nao sabia onde eu deveria ficar.
O dia passou...
No dia seguinte encontro o Gordinho por ali e ele pergunta o que eu fazia no Acampamento.
Lembrei a ele que eu morava ali.
Ai ele me contou que houve uma reunião de manhã para me expulsar.
Perguntei o motivo:.Eu havia tentado matar o coordenador no dia anterior kkkkkkkk
Ninguém veio me informar da tal reunião e os acampados votaram a meu favor.
Como eu ia atentar contra a vida de um homem jovem só com as mãos???????
Cambada de idiotas que nao tinham o que fazer!!!
Ele bebia cada vez mais!
Aquele dia estava transtornado falando sozinho.
Chamei a ambulância do Hospital Psiquiatrico e fomos ao p.a do Hospital Regional.
Ele passou o dia lá.
Eu junto!
A tardinha o médico disse que ia internar no Hospital Jardim das Acácias por 7 dias.
Fico eu no hospital esperando ambulância.
Ele dopado na maca.
A noitinha veio a ambulância e fomos transferidos.
Chegando lá ao abrir a porta do veiculo ele reconhece o hospital e me pergunta:
------isso é hospital de doido?
------Não vou ficar aqui não!
Desce da ambulância e desaparece.
Eu tento pedir ajuda mas a internaçao nao pode ser forçada.
Acabo vindo embora!
Ele sumiu.
Chego em casa ele está tranquilo deitado na cama.
Dou um ultimato!
Ou hospital ou a rua.
Ele decide pelo hospital.
No outro dia levo ele cedinho lá e o interno.
Foram 7 dias perdidos.
Ele saiu de lá e foi beber!!!

Tem coisas que nao gosto de contar.
Mas anos depois de acontecido se torna terrivelmente engraçada.
Eu morava no Acampamento sozinha e aquele que veio a ser meu marido insistia para eu ficar do barraco dele todas as noites após a nossa roda de viola com os amigos.
Aquela noite aceitei!!!
Maior mico.
Ele com uma calça jeans apertada que insistiu em nao tirar a noite inteira.
Segurando a calça desesperado para eu nao mexer.
Estava também de boné que ele passou a noite segurando para nao sair da cabeça.
Eu nao estava entendendo aquela situaçao bizarra!
Muito tempo depois descobri que ele era calvo e tinha vergonha disso por ser jovem ainda.
33 anos
Agora a calça levou meses para ele tirar.
Assim mesmo ficava se escondendo de cueca mesmo a gente morando juntos. kkkkkkkk
So fomos ter liberdade de namorar em paz quase um ano depois quando ele aos poucos foi se libertando da paranoia.
Assim mesmo nos 3 anos que moramos juntos ele tomava banho de cueca.
Nunca conseguiu se livrar dela kkkkkkkk
Meu companheiro resolveu plantar quiabos numa area grande que precisava limpar.
Deixei ele lá limpando e fui fazer almoço.
Dali a pouco ele aparece apavorado porque tinha encontrado uma cobra.
Peguei uma garrafa descartável e fui olhar lá.
A cobra estava la tranquilamente.
Cheguei a garrafa descartável na cabeça dela e ela entrou rápido.
Tampei a garrafa e mandei ele continuar carpindo.
Ele continuou trabalhando olhando desconfiado com medo.
No outro dia fomos na roça e a cobra estava esturricada morta na garrafa.
O perigo ali era o ser humano!!!
Eu ja estava cansada de ver ele beber.
Dei um ultimato!
Ou se trata ou desaparece!!!
Resolveu se tratar.
Levei-o ao Caps e começamos um tratamento.
Eu o acompanhava nas consultas e reuniões de grupo.
Aquele dia ele sumiu!!!
A tardinha apareceu e parecia bem.
Eu lembrei a ele que precisava tomar os remédios...se nao tivesse bebido!
Não bebeu não...imagine!
Dei os remédios!
Nao passou 10 minutos e ele começou a passar mal gritando com sede.
Dei água e perguntei se tinha bebido...sim.
Desanimei,
Ele ficando cada vez mais mal desesperado sem fôlego.
Querendo água sem parar.
Chamei a ambulância.
Demoraram!.
Eu sai a pé com ele naquele estado ao encontro da ambulância.
Nada!!!
Ele querendo mais água.
Eu pedi nos bares.
Ligando para ambulância e avisando onde estava.
Nos encontraram.
Passamos a noite no hospital.
As 4 horas da manhã nos liberam.
Eu entrei no banheiro e ele sumiu!!!
Vim embora sozinha aquela hora.
Chego em casa ele está dormindo.
Vontade de matar!!!
Quando morava no Acampamento estava alugando minha casa em Sorocaba.
Seu Ze das Vacas se interessou.
Eu estava ficando durante o dia num sitio ali perto.
Seu Ze foi até lá!
Aparece meu companheiro muito bêbado chorando desconsolado e diz que eu nao podia atender aquele dia porque havia morrido alguém da família.
Seu Ze fica sem jeito e pede mil desculpas e vai se retirando.
Faço ele voltar!
O infeliz bêbado se referia a um filhotinho de porquinho da india que havia nascido morto.
Ele passou o dia atrás de mim chorando com aquele filhote morto enrolado numa toalha dizendo: Ressuscita ele...ressuscita ele!
Eu atendi seu Ze com o filhote morto no colo e o companheiro aos prantos ao lado.
Tinha hora que eu duvidava da sanidade mental daquele homem!!!
Eu havia saido do Acampamento a muito tempo.
O pessoal tinha se transferido para Mairinque.
Fui la e pedi para voltar.
Falei com o coordenador e ele me arrumou um barraco.
Entrei e fiquei o dia todo lendo jornais velhos que achei ali.
Nao havia internet à epoca.
Dormi cedo!
Acordei as 5 da manhã naquele local arborizado na beira da pista.
Sai caminhar e respirar ar puro.
Quando voltei o coordenador me chamou para tomar café.
Aguardei do lado de fora do barraco e ele trouxe o café.
Ai me disse que eu teria que ir embora porque aquilo nao era hora de eu chegar no meu barraco.
Eu havia saido a uns 20 minutos dar uma volta.
Tempos dificeis que as pessoas julgam sem saber o que está acontecendo.
Ele nao acreditou que eu havia dormido ali!

Machuquei minha amiga!!!

Eu tinha uma amiga,Natália no Acampamento.
Ela era a violeira do grupo.
Aquela noite reunimos eu,Natália,Robertinho e Magrão e fomos num barzinho a noite do outro lado da Castelo Branco.
Nao havia nada lá e voltamos!
Ao atravessar a pista Natália cai.
Eu so vi o farol dos carros vindo.
Nao tive dúvidas.
Arrastei ela pelo asfalto e os carros passaram voando naquela escuridão.
Quando chegamos no barraco vi que ela estava com os joelhos em carne viva do meu socorro desajeitado!
A gente vivia um sufoco naquele Acampamento sem dinheiro para nada.
O Incra dava um boa cesta básica mas a cada 3 meses.
Aquela semana acabou o café.
Meu companheiro arrumou um bico em Sorocaba para trabalhar 03 dias.
Na volta traria o café.
Chegou 3 dias depois procurando pelo café.
Eu lembrei a ele que ele ficou de trazer.
Subiu na Agrovila comprar.
Desceu a tardinha procurando café, ja bêbado.
Eu disse que ele tinha ido comprar e nao trouxe.
Saiu de novo dizendo que ia buscar.
Retornou no outro dia procurando café completamente embriagado.
Eu disse que ele havia saido 03 vezes comprar café.
Nao havia mais dinheiro,ele tinha bebido tudo e ficamos sem café!!!
Ele era o manda chuva no Acampamento.
Tudo ele estava presente e queria tomar a dianteira.
Naquela tarde eu estava indo à cidade de ônibus.
Chovia!!!
No meio da estrada o ônibus parou e ele entrou molhado com uma mala.
Eu achei estranho,ja estava muito longe do Acampamento.
Observei que ele chorava.
Ao descer do ônibus na rodoviária abordei ele.
Havia sido expulso do Acampamento.
Injustamente segundo ele.
Eu estava indo dormir no albergue na cidade porque iria para Bauru no dia seguinte as 4 da manhã com o carro da Prefeitura, em tratamento médico.
Levei ele comigo e abrigaram ele.
No dia seguinte mandei ele para Sorocaba se abrigar num cômodo que eu tinha e estava desocupado.
Ficou um tempo lá e eu própria tive que expulsa-lo por má conduta com meus inquilinos!
Toda noite a gente se reunia no Acampamento para tocar violão e cantar até 22 horas.
Horário permitido ali!
Aquela noite estava muito frio e nós fomos nos reunir na portaria de entrada com os meninos da ronda.
As 21 horas eu perguntei se nao queriam café e bolinhos.
Queriam claro!
Subi em meu barraco fazer.
De longe avistei uma chama de isqueiro atrás da lona preta.
Nao havia ninguém por perto ali.
Cheguei na porta e mandei a pessoa sair.
Quem rastejou para fora foi um colega nosso da turma.
Perguntei o que fazia ali.
Disse que procurava arroz cozido para comer.
Achei estranho mas deixei passar.
No outro dia ao acordar notei a falta de algumas coisas no barraco.
Avisei a coordenação.
A tarde houve uma reunião de grupo e eu fui chamada.
No meio da roda de companheiros ELE.
Havia entrado em 03 barracos naquela noite e foi expulso.
Eu votei pela expulsão também!!!
Eu morava e trabalhava no Acampamento Sem Terra.
Minha funçao aquele dia era ficar na Secretaria.
Meu horário das 12 as 18 horas.
Meu parceiro bêbado teria a tarde toda para aprontar sozinho.
No meio da tarde pedi a uma amiga para ficar ali alguns minutos e corri ao meu barraco olhar.
Estava cheio de homens e um litro de pinga bem no centro do barraco.
Eu nao disse nada!
Despejei a pinga no chão de terra,deixei o litro vazio onde estava antes e voltei ao trabalho.
Logo depois passou um dos "amigos" na Secretaria pedir desculpas por estar bebendo lá!!!
Aquele sábado ele saiu do Acampamento dizendo que ia fazer compras na Agrovila.
Era bem cedo!
As 04 horas da tarde ele nao tinha voltado e a distancia era de um quilometro.
Dali a pouco aparece o Gordo que era um menino deficiente gritando o nome dele com umas sacolinhas na mão.
Apontava para a Agrovila me mostrando.
Eu nao via nada,era um trilho com um mato alto.
Subi atrás do Gordo olhar o motivo de tanta aflição.
Nao andei nem 300 metros e vejo ele caido no meio do mato.
Nao conseguiu chegar em casa.
Eu volto ao barraco,pego um balde de água e retorno.
Cheguei lá e atirei a água com toda força que consegui no meio da cara dele.
Ele acorda esbaforido e fica de pé num pulo só!!!
imaginem a confusão que vi estampada na cara do Gordo também kkkkkkkk


Eu morava no Acampamento Sem terra com ele.
Em nosso barraco aparecia 02 franguinhos que cagavam em tudo.
Até a cama vivia cheia de bosta de galinha.
Cansei!!!
Peguei os franguinhos e levei para o sítio a um quilometro dali.
No outro dia os frangos estavam de volta cagando em tudo.
Nao entendi!!!
Perguntei ao infeliz companheiro bêbado como eles voltaram.
Ele responde:
Ô amor,eu vendi eles para Paulinho.
Paulinho era nosso vizinho de barraco.
E assim os frangos continuaram fazendo sujeira e eu nao podia tirar dali porque agora sabia a quem pertencia os bichos!!!
Uma época quando saia caçar no sítio com meu companheiro(e não pegava nada) Chegou a sexta feira Santa.
Ele me disse que aquele dia nao sairiamos caçar porque era um dia santo.
Ficamos em casa.
Ele pega o malfadado estilingue inútil mira numa árvore e solta uma pedrada.
Cai uma rolinha no chão!
Ele fica estarrecido,começa a chorar.
Tenta reanimar o pássaro,era tarde demais.
Nao perde a pose,mesmo chorando.
Matou tem que comer!!!
Limpa o minusculo pássaro,frita,divide em dois e me dá minha minúscula parte.
Genteeeeeee!!!
Que carne gostosa!!!
Me deu vontade de comer mais kkkkkkkk
Viver com ele foi um desafio enorme.
03 anos complicados.
Mas teve seus momentos bons.
Uma ocasião ele resolveu caçar coelhos no sitio.
Fez um bom estilingue e disse que nao passaria um coelho vivo por nós.
Juntamos burquinhas(pedras) e lá fomos nós caçar coelhos.
Ele preparado!
De repente aparece uma lebre enorme.
Ele zás...a pedra passou longe da lebre.
E assim passamos a semana os dois feitos moleques caçando lebre no mato.
Nunca pegamos uma sequer!!!
Mas a gente aproveitava o passeio e se divertia muito!!!
Quando fui conhecer ele percebi que ele tinha as duas mãos atrofiadas.
Estava com curativos também.
Perguntei o que tinha acontecido e ele contou uma história longa relacionada a um acidente na Volkswagem em Sao Bernardo do Campo onde trabalhava.
O tempo passou!!!
Eu fui conhecer a família dele.
O tempo todo eles falavam na doença dele.
Como se eu estivesse sabendo.
Nao me contive mais.
Chamei ele para dar uma volta no bairro e pressionei.
De que doença se tratava os comentários?
Ele nao queria falar,ok,direito dele.
Mas avisei que estava indo embora sem nem me despedir da família.
Ai ele se abriu...
Disse que a 08 anos se tratava de hanseníase.
Fiquei desesperada de medo do contágio que poderia atingir as crianças em minha casa.
Na segunda-feira fui no Posto de Saúde me informar.
Foram excelente,me levaram a uma sala e me mostraram uns vídeos(fitas )naquela época.
Nao existe contágio após o tratamento!
Eu voltei para casa aliviada.
Fiquei com ele uns meses e tive que abandona-lo porque descobri que ele tinha tara por meninas.
Isso já nao tem cura!!!

sexta-feira, 5 de junho de 2020

Eu vivi com ele 03 anos.
Ele bebia muito.
Uma noite chegou em casa alterado e eu nao abri a porta.
Ficou fazendo escândalo para entrar e deu um murro no vidro.
O vidro se partiu arrancando a pele do braço dele.
Ele ficou desesperado com aquele ferimento enorme.
Abri a porta,ele foi sujando a casa toda de sangue.
Chamei a ambulância!
Medo dele sair daquele jeito alterado e morrer na rua deixando minha casa lavada em sangue!
Nunca mais que vinha a ambulância,ele sangrando na madrugada.
Liguei 3 vezes.
Na terceira falei que ia deixar ele morrer sangrando e nao ia ligar mais.
Vieram voando!
O resto da noite passamos no Pronto Socorro.
Muitos pontos,braço enfaixado,despesa com remédios,tensão,raiva.
Enfim sarou!
Eu nao troquei o vidro da porta.
Outra noite e ele aparece bêbado de madrugada.
Eu nao abro a porta,ele dá outro murro no mesmo vidro e recomeça tudo de novo!
Só fui trocar aquele vidro depois que juntei tudo que era dele e mandei para a casa da mãe dele em outra cidade!

quarta-feira, 3 de junho de 2020

Uma ocasiao estava no Estrada com uma amiga.
Ela aceitou uma cerveja de uma pessoa que estava perambulando por ali.
Ai ela foi dançar e o dito cujo vem sentar comigo.
Pedi que se retirasse que a mesa era minha!
Disse que nao sairia porque pagou uma cerveja para mim.
Jamais...
Eu nao bebo!!!
Pedi várias vezes que se retirasse.
Estava irredutivel,nao sairia!
Levantei e chamei o segurança.
Ele veio,cruzou os braços e ficou olhando.
O homem juntou cerveja e copo e foi saindo pedindo desculpas...
Me deu até dó!!!
O segurança nao falou uma palavra sequer!
Uma ocasiao estava no Estrada num domingo à tarde.
Eu havia ido com o carro e consegui vaga bem na frente do clube.
La dentro faço amizade com um negão da hora.
So que eu nao queria rolo.
Ele ficou comigo até o fim do baile.
Estava animado que ia me levar no Terminal de ônibus
Eu nao informei que estava de carro.
Na saida descartei o negão e corri para o carro estacionado sem me despedir.
Ele ficou parado na calçada olhando na minha cara.
Eu sai disparada!
Jamais iria dar carona para um homem que nunca vi antes.
Me deu dó da fisionomia dele parado na calçada.
Deve ter xingando de tudo que lembrou por raiva rsrsrsrs.
Infelizmente tive que esquecer a educaçao em nome da minha segurança.
Eu jamais daria carona a ele!!!