segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

CABEÇA PEQUENA


    



Eu trocava cartas com um homem de Itapetininga já fazia quase um ano.
Nunca dava certo de conhece-lo pessoalmente.
Um dia ele me ligou e disse que estaria numa consulta médica no Hospital Regional, a consulta seria de manhã e o ônibus da Prefeitura que traria os pacientes só iria embora as 5 da tarde, teríamos tempo de sobra para nos conhecer.
Eu disse que iria encontra-lo, marquei perto do hospital, fui.
Ele já estava me esperando.
Nunca vi coisa igual, não sabia manter uma conversa inteligente.
Fiquei até imaginando que não era ele que escrevia as cartas que eu recebia dele.
No telefone também devia ser outra pessoa que falava comigo, era muito burro o que estava ali naquele momento.
Perguntou a razão de eu ter me separado.
Eu tive a infeliz ideia de dizer que meu marido tinha a cabeça pequena(pensamentos) não tinha horizontes, na verdade eu comecei uma conversa complicada para ele.
Ele me olhava desconfiado, eu explicando as razões do nosso dia a dia ter dado errado, ele olhando.
Passado um tempinho ele começou a apertar a cabeça como se estivesse medindo e disparou: Você acha que tenho a cabeça pequena?
Eu fiquei sem entender, ele explicou: Você disse que seu marido tinha a cabeça pequena, olhe a minha, é pequena também, você não vai gostar...
Deus me livre de pessoas burras, eu concordei que não ia gostar mesmo e cai fora.
Disse que escreveria para ele e telefonaria e desapareci para sempre.

O PAI SOLTEIRO


       


Em minhas frustradas tentativas de arrumar um companheiro que valesse a pena, tive muitos desencontros.
Numa das vezes que fui conhecer alguém fiquei estarrecida.
Era um cara jovem ainda, que eu conheci por telefone, através de um programa de rádio.
Marquei de encontra-lo na Praça Cel Fernando Prestes, ele me disse que iria mas levaria o filho de 4 anos.
Tudo bem, não estava em meus planos homem com filho de 4 anos mas....
Cheguei na praça no horário combinado, ele já estava lá...deitado na escadaria da praça, sujo, com o menino pulando pelos degraus.
Eu sem saber o que fazer, seria grosseria não me apresentar, me aproximei.
O garoto era um docinho, carente demais, só queria ficar em meu colo.
Conversamos um pouco e eu soube que ele vivia só com o filho, precisava de um lar e de uma esposa.
Não sou preconceituosa mas infelizmente a coisa ali era complicada.
Prometi pensar, eu tinha o numero de telefone dele mas ele não tinha o meu.
Disse que ligaria em seguida para marcarmos alguma coisa e...sumi!

TARADO À VISTA

        




Quando vivia só, divorciada, escrevia muito para pessoas de todo o Brasil.
Acompanhava também um Programa de Rádio muito conhecido em Sorocaba e escrevia para pessoas que diziam procurar um relacionamento sério.
Numa dessas vezes que escrevi comecei uma correspondência com alguém que dizia se chamar Junior.
Acabamos trocando telefones e conversávamos muito, ele parecia boa pessoa, concordava com tudo que eu dizia.
Estava sim procurando um relacionamento sério, dizia.
Tinha 58 anos, coisa que eu achava muito naquela época mas resolvi conhece-lo.
Marquei um dia para ele vir em minha casa me conhecer as 14 horas.
Minha filha tinha uma mercearia na frente de minha casa, eu disse que ele conheceria a família toda, filhas e netos.
Ele me perguntou se isso não iria constranger a família, não, de forma alguma...
Veio...encostou um carrão caríssimo na frente de minha casa no horário combinado.
Minha filha me olhou com cara de :Esse sim!
Convidei-o a entrar e comecei a conversar, só eu falava, ele olhava constantemente em direção ao quarto, sem assunto nenhum, sem interesse na conversa.
Perguntei se ele estava interessado em conhecer a casa, eu disse que ele podia olhar...se encaminhou rapidamente ao quarto.
Achei estranho, fui atrás dele, ele me agarrou.
Protestei com raiva, ele perguntou: Você não quer?
___Claro que não__respondi
Olhou para todos os lados e perguntou como saia dali.
___Pela porta que entrou__respondi
Saiu feito um foguete e desapareceu, quando cheguei à rua, não havia homem e nem carro.
Só minha filha sem entender a visita tão rápida e sem sentido...
Não entendi também como um homem com aquela idade podia ter uma cabeça tão idiota, não é assim que se conquista uma mulher.
Será que ele apostou naquele carrão???
rsrsrs

domingo, 29 de dezembro de 2013

BÊBADO RIDICULO


             


Quando fui conhecer o cego louco, tive que ir até Porto Feliz.
Ele me esperou na Rodoviária, eu preferi ir, pela dificuldade dele em vir até Sorocaba.
Para chegar até a casa dele tivemos que tomar um táxi, que eu paguei porque o motorista não tinha troco para ele.
Estando lá ele me convidou para ir até um barzinho.
Nessas alturas eu estava com pouco dinheiro e não quis pedir nada para ele pagar.
Acabei pegando o copo de cerveja que ele tinha nas mãos e tomando um único gole para molhar a boca.
Não bebo nada!
Nem refrigerante eu gosto de tomar, prefiro um suco natural.
Esse gole de cerveja que tomei no copo dele me custou caríssimo.
Já vivendo com ele anos depois, ele enchia a cara e me acusava de beber também.
A justificativa para me acusar era o gole de cerveja que molhei a boca naquele dia.
Ele dizia: Você bebe mais que eu, naquele dia você pegou o copo de minha mão e bebeu!!!
Não cheguei a tomar mais que uma colher daquela cerveja...
E só tomei para contenta-lo sem faze-lo gastar comigo.
Antes eu tivesse feito ele pagar alguma coisa para eu tomar...

PERFIL DE EMPREENDEDOR


               



Hoje, eu com 57 anos, fico analisando a criança que fui e verifico o quanto eu tinha potencial para subir na vida se tivesse pais que se preocupassem com meu futuro.
Meu pai todos os dias antes de sair para o trabalho me dava uma moeda, eu nunca gastava.
Ia acumulando aquelas moedas e quando tinha o suficiente, comprava um saco branco, vazio, de açúcar que eu lavava e fazia panos de pratos, toalhas, para guardar como enxoval.
Quando me casei, criança ainda, aos 16 anos, tinha muito enxoval mal feito, trabalho de criança.
Mas não era só isso que eu fazia.
Desde meus 10,11 anos que guardava minhas moedas e numa ocasião arrumei o suficiente para comprar uma duzia de pés de alface, que sai vendendo na rua, e com esse dinheiro, comprei duas duzias e depois 3 e assim vai.
Eu vendia meus alfaces todos os dias e sempre tinha meu dinheirinho guardado.
Havia uma horta bem grande num lugar chamado Barreiro, onde alguns idosos plantavam verduras e era lá que eu ia comprar por "atacado" minhas duzias de alfaces.
Por muito tempo em minha meninice vendi minhas verduras, bananas, laranjas, etc.
Juntava latas também para vender, num trabalho que hoje é chamado reciclagem, mas naquele tempo era catalata mesmo.
Quando não estava vendendo, estava catando minhas latas pelo bairro e acumulando para vender no "atacado".
Chegava a juntar uns 10 quilos que era muito para uma criança pequena.
Sempre desde criança tive orgulho de ter meu trabalho e meu dinheirinho honesto...

A ESPANHOLA


        


Quando  eu era pequena, morando ali no Bairro Barcelona, havia uma senhora espanhola que ficou em minhas lembranças.
Só se vestia de preto, uns vestidos totalmente fora de moda, mesmo para aquela época.
Essa senhora todos os dias passava pela minha rua com duas cestas imensas, vendendo verduras de boa qualidade.
Minha mãe,que eu me lembre nunca comprou nada dela.
Mas ela assim mesmo passava batendo palmas e chamando a mulherada e empurrando suas verduras.
Se fazia fiado para alguém não ficava sem receber, brigava até ver o dinheiro rsrsrs.
Nunca mais tive a oportunidade de ver uma mulher tão esforçada e corajosa assim.
Alguns anos depois, eu já casada fui morar em Votorantim e reencontrei a espanhola que tinha construído um bom prédio no Bairro Rio Acima e continuava no comercio, nessa época só ficava no balcão.
Já se passaram tantos anos...
Com certeza ela já se foi a muitos anos, ou talvez não.
Mas pelos meus cálculos ela deve estar perto dos 90 anos, se estiver viva hoje.
Mas foi uma mulher decidida e trabalhadora e da qual eu nunca soube o nome...
Continuei por anos conhecendo-a como Espanhola


Alguém que esteja lendo o blog hoje, conheceu a espanhola?

sábado, 28 de dezembro de 2013

CHARRETE A 120 KM POR HORA

        




Quando era menina, toda manhã minha mãe e minha tia Celestina gostavam de conversar no portão.
Meu pai saia  de manhã para trabalhar e as duas ficavam lá na conversa.
Num desses dias estamos lá numa boa e lá vem uma charrete...
Era o Dário que vendia verduras, de repente o cavalo se assustou, perdeu o controle e saiu em disparada.
Passou por nós feito um foguete e na confusão o Dário caiu da charrete e ficou enrolado nas cordas.
O cavalo arrastando ele e nós ali sem saber o que fazer.
Desceram feito doidos pela rua e o cavalo foi cair também num monte de pedra britada que estava na rua.
A carroça tombou e nós corremos ajudar o rapaz...
Ele não se feriu gravemente, só arranhões e o susto.
Mas o nosso susto com certeza não foi menor.

sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

O INHAME E AS CONSEQUENCIAS


           


Meu pai adorava levar a gente para passear onde hoje é a Vila Sabiá e João Romão.
Num desses passeios encontramos um brejo com uma planta bonita de folhas largas.
Ele ficou animado, disse que era inhame, colheu tudo.
Levamos para casa e comemos com gosto.
Nossa, no dia seguinte deu uma coceira em todo mundo, inclusive na boca...
O que será que era aquilo que comemos????

quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

O DEFUNTO ERRADO...

                   




Esse fato aconteceu num velório.
Meu Deus...tive que fugir depois de uma crise de riso.
Meu pai havia falecido a uns 3 anos, minha mãe arrumou um senhor para viver com ela.
Logo depois de ele estar morando com ela, foi atropelado e morreu na avenida perto da casa.
Na hora de sair o enterro, chega um diácono, ou algo assim, para rezar pelo falecido.
Minha mãe muito compenetrada ao lado do caixão, fazendo pose de viúva triste, coisa que ela não era.
O homem pergunta antes da reza: Qual é o nome do falecido?
Minha mãe, não sei onde estava com a cabeça que cita o nome do outro defunto, meu pai, falecido a 3 anos...
Meu Deus...eu tive que correr para a rua para rir, não me contive.
O filho do falecido "certo" corrige rapidamente o nome do defunto e olha para ela com revolta.
O que devia ser triste se tornou engraçado, e eu lá na rua, juntamente com minha prima,tendo uma crise de riso e as pessoas nos olhando revoltadas.
Infelizmente não dava para explicar para as pessoas o motivo daquele riso fora de hora.

NATAL RUIM DEMAIS...


     



Eu me casei em 11 de Novembro de 1972 aos 16 anos.
Vim de um lar rígido, sem alegria.
Eu estava muito apaixonada quando me casei e meu sonho era passar um Natal a dois.
Como nunca tinha feito na vida, fiz um jantarzinho especial e ficamos juntos na noite de Natal.
No dia seguinte dia de Natal ainda passamos o dia todo juntos e eu feliz demais.
A tardinha estamos deitados juntos, e meu marido me olha e dispara: Nunca passei um Natal tão ruim em minha vida...
Foi o bastante para meu coração ficar apertado de tristeza e eu chorar por horas.
Tudo que eu precisava era estar junto dele, e tudo que ele precisava era estar em grupo comemorando com os familiares e amigos.
Dois sonhos conflitantes, eu acabei levando a pior...
Eu o amava muito e o queria só para mim!!!

FESTA DE 15 ANOS... NÃO ERA PARA MIM


        



Tudo em minha vida era muito diferente do que é hoje.
Lembro-me de meus 15 anos como se fosse hoje.
Eu naquela época já tinha ouvido falar em festa de debutante aos 15 anos.
Claro que nem em sonho eu imaginava ganhar uma festa de meus pais.
Jamais eu teria algo parecido com as outras pessoas.
No dia que fiz 15 anos, eu estava trabalhando como empregada doméstica em meu bairro.
Cheguei em casa a tardinha e como sempre minha mãe estava suspirando e praguejando contra tudo e todos.
Eu odiava o costume dela de ficar suspirando e procurando o ar como se estivesse morrendo.
Me sentia culpada,nem sei porquê.
Naquele dia me senti pior.
Eu esperava que ela se sentisse mais feliz por ser meu aniversário de 15 anos.
Ela e meu pai estava passando cal na casa toda, uma sujeira e uma bagunça.
Ela havia feito um sagu para comemorar meu aniversário e o sagu estava perdido no meio daquela confusão de móveis e panelas.
E aquele clima ruim de briga entre o casal.
Eu me senti terrivelmente deprimida,sem saber o que era depressão...
Foi um aniversário que me marcou muito!!!
Me senti culpada por tudo naquele momento.
A bagunça na casa, as desavenças entre o casal que eu nunca sabia o motivo, a infelicidade dela, a falta de ar constante que ela usava para fugir de qualquer confronto, tudo enfim.
Essa era a minha rotina de adolescente, coisa que eu nunca pude ser com alegria!!!