Deixa os bichinhos em paz!!!

 A gente vivia num barraco no sítio.

Havia um banheiro desativado lá.

Aquele dia meu companheiro resolveu que ia consertar a descarga e o chuveiro e poderíamos começar a usar ali.

Foi mexer na descarga e se deparou com um ninho com 04 ovinhos.

Acabou a paz da futura mamãe.

Ele desistiu de consertar a descarga mas ia mexer lá todos os dias.

A pobre mãe voava aflita.

Depois voltava desconfiada.

Deveria estar chocando.

Com muita luta ela conseguia vencer e sairam 04 filhotes.

A pobre passarinha nao tinha paz.

O infeliz bêbado tomava suas cachaças e ia olhar os passarinhos.

Por fim acabou pegando os bichinnhos e levando para doar aos amigos.

Espero que aqueles filhotes tenham sobrevivido ao transtorno de nascer ao alcance de um bêbado.

Por fim ele consertou a descarga e encheu ela de água.

Pelo menos nenhum bichinho ia se abrigar ali naquele transtorno.

Eu morria de pena de ver o desespero daquela mãe sem saber o que fazer para proteger seus filhotes!!!

 

Feijoada

 A melhor feijoada que comi até hoje foi no Restaurante Nordestino que tinha ali na Avenida Ipanema ao lado da Escola Jordina.

Nunca mais encontrei uma feijoada daquelas em parte alguma.

Era divina e muito bem servida.

Isso foi em 2006.

Logo depois aquele restaurante fechou.

Uma pena!

A pior feijoada que comi na minha vida foi num almoço dançante em Votorantim.

Fui lá fazer divulgação de meu trabalho e comprei o convite por 25 reais.

Uma verdadeira lavagem de porcos.

Aquela água branca com uns feijões.

Tudo muito mal feito e intragável.

Eu peguei aquela água suja e coloquei um pouquinho no prato.

E lá se foi meus 25 reais jogado no lixo.

Isso foi em 2017.

Um desafio enorme servir comida!!!

Eu,hein?

 Aquele dia eu ia pela rua com meu companheiro já bem chapado depois de umas cachaças.

Ai nos deparamos com um pedinte que nos aborda pedindo uns trocados.

Meu companheiro diz que nao tem trocados.

O pedinte nao se abala!

Me dá o que tiver que eu faço troco!!!

Falta de empatia!

 Eu era uma criança extremamente retraida.

Não tinha liberdade para nada.

Tudo era proibido para mim.

Aquela tarde,devia ser carnaval.

Eu fui comprar pão na padaria da Quinha que muita gente conheceu.

Quando estou voltando quieta com meu pão de meio quilo,cruzo com a Cleusa que era uma menina muito diferente de mim.

Outra educação.

Ela estava com um vidro de lança perfume.

Molhou eu,reclamei e ela esvaziou o lança perfume em mim.

Eu,criança retraida voltei chorando para casa com o pão molhado também.

Meu pai ficou histérico.

Foi tirar satisfaçao na casa da menina.

Ninguém deu atençao.

Disseram que era coisa de criança e época de carnaval.

Engraçado que se passou mais de 50 anos do fato e eu ainda acho que a postura da menina foi de gente sem consideração pelo próximo.

Eu nunca teria uma atitude dessas com quem quer que seja!!!

Pode atirar ou não?

 Em 1986 eu fui morar no Jardim São Mateus em frente o Presídio.

Era um bairro novo.

So havia minha minúscula casa no alto.

Meu marido trabalhava a noite e eu dormia sozinha com as crianças naquela casa deserta e sem muro.

Meu pai se preocupou e arrumou uma arma para eu me defender.

Aquela noite acordei com os cachorros atacando algo no quintal.

Muito barulho.

Levantei de fininho no escuro,abri o vitro do banheiro,subi numa cadeira e atirei para fora.

Acabou a confusão!

Silêncio total.

No outro dia como sempre lá vem meus pais me visitar as 9 horas como faziam diariamente.

Contei a ele o episódio da noite.

Ficou revoltado.

Achou um absurdo eu dar um tiro a noite.

Falou muito sobre minha falta de responsabilidade de atirar no escuro.

Pegou a arma e levou embora!

Era um revólver 32 com 07 balas.

No outro dia la vem o velho...

Chega de cara feia e me entrega uma garrucha com uma bala só...

Eu não entendi até hoje a troca da arma!

Porque um revolver com 07 balas não podia e uma garrucha com um único tiro podia?

Onde estava a segurança ali?

Naquele tempo era permitido ter armas.

Apesar que eu acho que deveria ter porte.

Por fim meu marido vendeu a garrucha a preço de banana e eu fiquei "sem proteção"

Todo cuidado é pouco!!!

 Aquele dia eu vinha da Rodovia Raposo Tavares à pé para alcançar a Avenida Armando Pannunzio e tomar um ônibus.

Chovia um pouco e eu andava rápido.

Ai apareceu um carro e fez uma conversão perigosa num lugar completamente sem propósito.

Eu me preocupei.

Até parei!

Eram duas moças no carro.

Pararam ao meu lado e me entregaram uma sombrinha.

Agradeci muito mas me preocupei com a conversão naquele lugar.

Valeu a intenção das moças mas podiam ter causado um acidente ali!!!

Que triste!!!

 A muitos anos eu fui comprar um par de sapatos na Rua da Penha.

A loja ficava logo após a ACM.

Era uma loja bem arrumada mas simples.

Aquele dia havia uma pirâmide de caixas de sapatos bem no meio da loja.

Estava legal.

Eu comecei a experimentar os sapatos e chegou um casal.

O homem era deficiente e andava com duas muletas.

Entraram na loja e o homem se atrapalhou com aquela pirâmide de caixas bem no meio da loja.

Perdeu o equilibrio e caiu em cima.

Espalhou caixas pela loja toda.

Eu fiquei chocada e desesperada de ver a situação.

O homem ficou no chão de costas sem poder levantar.

Eu comecei a chorar.

No meu desespero abandonei a loja aos prantos.

Nem me preocupei com o vendedor que gentilmente estava me atendendo.

Sai correndo!!!

Raiva pouca é bobagem!!!

 Era véspera de Natal de 1987.

Eu estava num momento terrivel de minha vida.

Enfrentando uma separação e uma crise financeira.

Aquele Natal eu decidi ir com as crianças passar com a familia do confuso marido apesar da separação.

Antes eu passei a semana costurando feito louca para ganhar o sustento.

Aquele dia tinha uma entrega de um vestido.

Precisava daquele dinheiro urgente.

A pessoa nao veio buscar.

Morava no fundo da casa de meus pais e eles disseram que eu nao poderia sair porque tinha que ficar aguardando a pessoa vir buscar a encomenda.

Esperei até a noite e nada da pessoa vir.

Fui para o local onde passaria o Natal.

Minha mãe esperou eu sair,entrou em minha casa,surrupiou a encomenda e foi levar para a pessoa.

Quando cheguei no dia seguinte procurei o vestido e nao encontrei.

Ela me disse:Você não quis ficar aqui e eu peguei e fui levar lá!

Conclusão:A pessoa nunca veio pagar pelo meu trabalho e eu perdi até o material que tinha comprado para fazer aquele vestido!

Duro conviver com pais dominadores que faziam valer suas vontades mesmo que isso prejudicasse a filha!!!

Custava ter deixado eu resolver meu trabalho?

Ladra mirim por acidente!!!

 Minha filha tinha 02 anos.

Levei ela no Centro para comprar uma sandália.

O vendedor muito solícito trouxe vários pares para eu provar na criança.

Escolhi um par que achei prático e bonito.

Maior estress para escolher,calçar,vigiar a criança,fazer o pagamento.

Sai da loja e fui embora.

Quando abro minha bolsa para procurar o dinheiro da passagem me deparo com 2 pares de sandália solto dentro da bolsa.

Fiquei estarrecida!

A criança tinha feito a escolha dela e colocado dentro da bolsa.

O pior foi que nem eu e nem o vendedor notamos quando ela guardou os calçados na minha bolsa!!!

Graças à Deus nunca mais ela teve uma ideia estapafúrdia daquelas.

Mostrei a ela o que tinha feito,expliquei e voltamos na loja fazer a devolução.

Me senti constrangida.

Se fosse uma criança mais velha eu teria dado uns tapas.

Mas com 02 anos nem adiantava ficar maluca.

Ela simplesmente achou que era para levar a sandália.

Isso são flores???

 Ele foi o segundo homem de minha vida.

Veio de uma forma inesperada e surpreendente.

O que aconteceu entre nós naquele momento foi algo não planejado.

A emoção tomou conta de mim porque eu era uma criança ingênua de mais de 40 anos esperando o Príncipe Encantado.

E lá estava ele disponível e despreocupado.

Foi um dia que jamais vou esquecer porque mudou minha percepção da vida.

Ficamos juntos!

No dia seguinte volto à minha rotina e estou em casa trabalhando como era meu costume.

Quando olho ele está parado na porta me olhando.

Havia ido me visitar.

Eu fiquei nervosa com a presença dele.

Observo melhor e ele carregava um enorme buquê...

De alfaces!!!

O que é esse barulho?

 Domingo!

Eu estava num tédio naquela cidade.

Enfrentando problemas de doença também.

Resolvi aproveitar o domingo e dar um passeio.

A cidade vazia,nao havia ninguém.

Dava ate medo de andar por ali sem conhecer as coisas.

Resolvi entrar numa farmácia para comprar um analgésico.

Nisso escuto um barulho infernal,música,instrumentos,cantoria.

Corri na porta da farmácia olhar.

Vinha descendo uma multidão pela avenida.

Perguntei ao balconista o que era aquilo.

-Um enterro,senhora!!!

Fiquei pasma.

Jamais teria classificado aquilo como enterro.

Aprendi que dentro de nosso Brasil existem muitas culturas diferentes e não cabe a mim fazer aquela cara de espanto diante de um fato tão sério que eu achei no momento que era uma manifestação de alegria...

Gente boa existe!!!

 Aquele dia eu estava no Centro com o cego.

A gente tinha ido ao banco.

Próximo da Paraça Cel. Fernando Prestes dá a louca no cego que tinha que evacuar.

Desesperado, que estava com dor de barriga.

Corri no banheiro subterrâneo que havia na praça.

Ele implorando para eu levar ele logo.

Mas entrar como no banheiro masculino?

Pedi ajuda a um rapaz que estava saindo.

Ele levou o cego!

Sumiram os dois lá dentro.

Eu na porta esperando.

Ai sai o moço sozinho aflito que nao havia papel no banheiro.

Fazer o que agora?

Sai pela rua Dr. Braguinha procurando papel.

Nao tinha onde comprar.

Acabei entrando numa loja e explicando a situação.

A balconista foi lá dentro e trouxe um rolo pela metade.

Agradeci e voltei correndo.

O moço ainda aguardava ali pela minha volta.

Levou o papel e demorou um pouco mas veio arrastando o cego.

Eu fiquei muito grata por haver pessoas boas nesse mundo.

O rapaz ficou quase uma hora enrolado com a gente e aquele cego enfiado no banheiro.

Mas ele foi gentil o bastante para nos ajudar até estar tudo sobre controle.

Só tenho motivos para agradecer!!!

Nunca esqueci...