O cego não dava paz no telefone.
Aquele dia ligou o dia todo.
Eu nem atendia.
O telefone tocava sem parar.
Eu sabia que era ele,nem atendia.
Acabava nao atendendo ninguém e o telefone não servia para nada.
Numa das vezes que atendi ele disse que estava muito mal e precisava urgente ir ao Pronto Socorro.
Nem liguei!
Ai o telefone deu uma pausa.
Acabei ficando preocupada.
Será que morreu?
De noite dou uma ligadinha para ver se conseguiu ir ao médico.
Quem atende é uma mulher.
Peço a ela que por favor passe o telefone ao pai.
Julgando ser a filha dele.
Ele vem atender.
Está completamente atrapalhado,falando com a filha no telefone.
Eu tento desfazer o equivoco.
Aviso que sou eu!
Ele continua falando com a filha num assunto totalmente fora de contexto.
Ai me dou conta de que ele estava enrolando a mulher.
Mas eu já tinha me identificado a ela.
Estava uma conversa de louco!
Desliguei.
Aquele cego era ligeiro e mentia geral!!!
No outro dia recomeçou as chamadas sem fim e a conversa que ia morrer sozinho porque não tinha ninguém nesse mundo por ele.
De certa maneira era verdade!!!
Era uma relação totalmente louca que só terminou quando me mudei de endereço e cortei a linha telefônica.
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