segunda-feira, 8 de março de 2021

Eu fiz o possível!!!

 Aquela tarde deu um temporal no Acampamento.

Ventou demais também.

Eu fiquei dentro de meu barraco segurando e colocando prendedores de roupa na lona para evitar que voasse tudo.

Quando passou sai olhar.

Fiquei chocada com o que vi!

Quase todos os barracos estavam destruidos.

A noite nos reunimos no barraco da Ivani e fizemos um jantar para nossos amigos mais próximos.

Muita gente estava desabrigada.

Eu ofereci meu minúsculo barraco para os meninos.

Eu dormiria com Natália e Ivani.

Eles nao aceitaram.

Era pequeno demais e mal caberia dois companheiros lá.

Enquanto a gente discutia quem ia dormir onde, chegou Valdir.

Ele apareceu na porta super atrasado para jantar,carregando um pé de mandioca nas costas.

Trouxe do jeito que arrancou😄😄

Foi só risada!!!

Logo mais decidi me recolher porque ninguém iria usar meu barraco tão pequeno.

Fui pelo escuro,entrei e pisei em algo.

Voltei correndo e falei que havia alguma coisa em meu barraco.

Nem tive coragem de acender uma vela para ver.

Valdir veio comigo com uma vela acesa.

Descobrimos o Gigante dormindo ao lado de minha cama.

Era um cachorro tigrado enorme que morava no Acampamento.

Com certeza estava desabrigado também.

Valdir expulsou ele dali,ele saia e voltava,saia e voltava.

Fcamos ali atrapalhados com o cachorro e o Valdir acabou ficando por ali.

Dormimos os três juntos!!!

Foi o começo de uma grande dor...

Valdir bebia,entrava no barraco sem cerimônia e se sentia meu dono.

Eu cansei!

Mudei meu barraco para o outro lado do Acampamento.

Ele vivia perguntando para as pessoas onde era meu barraco.

Graças à Deus não achou ou não quis se arriscar em outro grupo.

Um dia eu estava vindo para Sorocaba e ele estava saindo pescar com um grupo de amigos dali.

Foi a última vez que eu vi ele...

Morreu afogado aquele dia na lagoa na beira da Rodovia Castelo Branco.

Eu voltei dois dias depois e soube que ele estava no necrotério aguardando liberação.

Fui correndo lá resolver.

Não consegui!

Eu não era pessoa da família.

Cheguei até a ir à Delegacia tentar liberar o corpo.

Nao foi possivel.

Vi ele congelado numa gaveta no cemitério.

Apenas isso!!!

Voltei lá uma semana depois e ele tinha sido enterrado como indigente.

Pois é negão...eu fiz o possivel para te dar um enterro digno!!!



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